Folclore Brasileiro Ilustrado
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Folclore Brasileiro Ilustrado - O Mito do Barba Ruiva
Autor: Editoria de Pesquisas Site de Dicas[1]
15 de Fevereiro de 2016
Série: Personagens do Folclore Brasileiro
Nos mitos está a essência de grande parte de nossas crenças e superstições...

Os Aspectos Gerais do Mito do Barba Ruiva

O Mito do Barba Ruiva
Os Mitos assustadores retratam uma necessidade de explicação para os nossos medos mais profundos...
O Mito do Barba Ruiva
Os Mitos assustadores retratam uma necessidade de explicação para os nossos medos mais profundos...

Eis uma lenda sobre a Lagoa de Paranaguá no Piauí. Dizem que ela era pequena, quase uma fonte, e cresceu por encanto.

Foi assim que tudo aconteceu...

Vivia uma viúva com tês filhas. Um dia, a mais moça das filhas dela adoeceu, ficando triste e pensativa. Estava esperando menino e o namorado morrera sem ter tempo de casar com ela.

Com vergonha, descansou a moça nos matos e deitou o filhinho num tacho de cobre, em seguida, sacudiu-o dentro da pequena fonte de água.

O tacho desceu e subiu logo, trazido por uma Mãe-d'agua, que com raiva, Amaldiçoou a moça que chorava na beira.

As águas foram subindo e correndo, numa enchente sem fim, dia e noite, alagando tudo, cumprindo uma ordem misteriosa.

Ficou a lagoa encantada, cheia de luzes e de vozes. Ninguém podia morar na beira porque, a noite inteira, subia do fundo dágua um choro de criança. O choro parou, e vez por outra, aparecia um homem moço, muito claro, com barbas ruivas ao meio dia e com a barba branca ao anoitecer.

Barba Ruiva, homem encantado, que vive na lagoa de Paranaguá, ao sul do Piauí. É alvo, de estatura regular, cabelos avermelhados. Quando sai da água mostra as barbas, as unhas e os peitos cobertos de lodo e limo.

Muita gente o viu e tem visto. Foge dos homens e procura as mulheres que vão bater roupa. Agarra-as só para abraçar e beijar. Depois, corre e pula na lagoa, desaparecendo.

Nenhuma mulher bate roupa ou toma banho sozinha, com medo do barba ruiva. Se um Homem o encontra, fica desorientado. Mas o Barba Ruiva é inofensivo, pois não consta que fizesse mal a alguém.

Se uma mulher atirar na cabeça dele água benta e um rosário sacramentado, ele será desencantado. Barba Ruiva é pagão, e deixa de ser encantado sendo cristão.

Como ainda não nasceu essa mulher valente para desencantar o Barba Ruiva, ele cumpre sua sina nas águas da lagoa.

Informações Complementares sobre o Barba Ruiva

Nomes comuns: Barba Ruiva, Barba Branca, Urué, Barba Nova, Cabeça Vermelha.

Origem Provável: Lenda popular no estado do Piauí, ao redor da lagoa de Paranaguá, desde o século XIX. Por volta de 1830, já era conhecida.

Dizem que ele foi criado pela Iara, sendo então filho da Mãe d'agua. Para o povo, a criança fabulosa não tem idade nem forma definida.

Nogueira Paranaguá escreve: "Consideram-no menino pela manhã, homem ao meio-dia, e velho ao anoitecer" [2].

Muitas versões o descrevem assim: De dia ele aparece como um menino à beira da lagoa, à tarde como um rapaz de barba ruiva, e à noite como um senhor de barba branca. Algumas vezes fica dormindo à margem do lago e, quando alguém se aproxima, ele pula na água e some.

No Rio Parnaíba, também no Piauí, existe o Cabeça de Cuia, uma espécie de Barba Ruiva. Este no entanto é mais radical, e além de atacar moças à beira do rio, devora-as vivas.

No rio São Francisco existe a lenda da moça de família rica, que desejando ocultar o parto, atirou o recém-nascido ao rio. Um Dourado (espécie de peixe), abocanhou-o sem o engolir, salvando-o dos outros peixes. E ainda hoje conserva o menino, que não cresceu nem mudou desde aquele tempo.

E sobe e desce o rio, com o menino na boca, deixando-o apenas para comer, e defendê-lo dos outros peixes. O Menino não cresce mas está com os cabelos brancos.

Uma tradição do Panamá conta que uma linda moça afogou no rio a criança que tivera, para esconder a falta que cometera. Como castigo do perpétuo remorso a mãe ressurge num monstro, a terrível Tulivieja.

Os indígenas brasileiros tinham algumas lendas em que as crianças sacrificadas davam nascimento às espécies vegetais mais necessárias à vida selvagem. O milho nasceu do sacrifício de um guerreiro. A mandioca, de uma criança, Mani dos Tupis, Atiolô, dos Parecis. Mas a presença da Mãe Dágua, entidade desconhecida pelos nossos índios, afasta a possibilidade de um mito ameríndio.

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[1] A Editoria de Pesquisas Folclóricas, é composta por dois antropológos, sendo um deles também folclorista, historiador e publicitário. Contamos ainda com a colaboração de uma pedagoga e antropóloga especializada em Tradições Populares e Costumes Antigos, e também com as valorosas contribuições dos nossos leitores.
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[2] Do Rio de Janeiro ao Piauhy pelo interior do Paiz (impressões de viagem), Rio de Janeiro, Imprensa Nacional, 1905

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