A breve história da aventura existencial humana. Qual seria o motivo, o objetivo concreto e irrefutável de existirmos coletivamente como entidades pensantes, e o mais importante, qual o papel individual de cada um de nós nesse processo?
Qual é nossa principal fonte de Motivação?
Um Conto Reflexivo: Um homem pobre se tornou rico. Mas, tudo fora apenas um sonho, e ao acordar, ele comenta desolado: "Um sonho é capaz de criar ilusões fabulosas, que logo se vão, tomadas por outras ilusões, de uma realidade que nunca virá..."
Em busca de descobrir mais sobre nós mesmos, aquilo que somos, ou ainda qual poderia ser o nosso objetivo existencial, perceber o próprio condicionamento não é o objetivo final, mas antes disso, trata-se do primeiro passo.
Quais são nossos valores, aquilo que para nós vale a pena investir tempo, disposição física que se traduz em trabalho, motivação e tudo mais? Qual é a força que nos faz enfrentar todos os dias os protagonismos do imenso campo de batalha no qual se tornou a aventura existencial do homem? O que, afinal de contas, motiva o nosso inteiro viver?
E parece que todos nossos esforços em resolver, mesmo os problemas mais simples, se limitam a explorar apenas a superfície do terreno onde eles foram incubados e germinados. Quase nunca nos aprofundamos examinando a fundo todas as nuances da questão, e como regra, acabamos por nos conformar com as soluções paliativas, aquelas que nos proporcionam uma compensação imediata ou um maior nível de satisfação, e o mais importante, com um mínino de esforço.
Desse modo, na maioria das vezes, além de não resolvermos definitivamente o dilema conflituoso acabamos por criar outros. E uma causa com apenas um efeito que poderia ter um desdobramento simples, logo se torna complexa, se alastra, tomando proporções que se estenderão para além do nosso alcance. Ainda não assimilamos uma regra profilática básica: “Para impedir que o fogo se alastre não basta combater seu foco de origem, mas, antes de tudo, cuidar para que não exista material combustível em ambiente de risco.”
Prevenir é evitar problemas, ou o mais importante, minimizar a ocorrência dos mesmos. Trata-se de uma solução antecipada ou defensiva, uma evidência de que ali há inteligência em uso. E se a erradicação de um problema já existente requer aplicação, organização, disciplina, equilíbrio e sensatez, a prevenção ou profilaxia é uma evidência de que ali há um cérebro lúcido em plena atividade.
Ter capacidade e habilidade para resolver conflitos não é grande coisa, mas aprender como evitar que tomem forma, isso sim é coisa relevante. E se os conflitos representam as grades do nosso cativeiro, eliminar suas larvas antes que aprendam a voar e se tornem capazes de se multiplicar, isso irá nos proporcionar um singular sentimento de liberdade. Liberdade não é algo que se consegue ao final da trilha, mas muito antes, quando temos plena consciência de que ela existe.
A Competição como modelo de Deterioração...
Como regra, em nosso cotidiano o sentimento de competição é tratado como algo natural. É um movimento que induz o indivíduo a disputar com outrem qualquer coisa a qual seja atribuída algum valor, não importando se esse valor é concreto ou abstrato, pequeno ou grande. E graças a essa condição, surge também a angústia ou receio da iminente perda daquilo que já foi conquistado.
Mas, ao contrário da crença comum, não pode existir competição sem conflito. De fato, a competição já é um conflito, uma vez que estamos diante de antagonistas que disputam entre si a posse de alguma coisa material ou imaterial que não está disponível para todos de maneira equânime. Antagonismo é guerra; é o inverso de harmonia, e se opõe ao sentimento de coletividade, partilha e compartilhamento voluntário. Trata-se de uma condição que enfatiza e prioriza o individualismo e a exacerbação de um Ego, por natureza, patológico.
E em nosso tempo se afirma cada vez mais uma evidente corrente eufemística, que se apresenta na forma de um movimento, cujo papel é maquiar e esconder imperfeições e deformações sociais de modo que sejam aceitas com naturalidade. Está infiltrado em cada nicho do bioma humano, criando novos comportamentos, reforçando e potencializando velhas e novas anomalias já consagradas.
É como no caso das mensagens “éticas” ou “politicamente corretas” já integradas ao nosso vocabulário coloquial e culto. Entre elas estão as frases de alerta, que por força da lei, algumas corporações, a exemplo dos fabricantes das drogas “lícitas”, como forma de esclarecimento ao seu público consumidor, são obrigadas a veicular agregadas às suas campanhas publicitárias.
E a despeito das milhares de famílias que serão destroçadas, aos olhos das agências reguladoras e mesmo diante da opinião pública, a disseminação generalizada desse vício entre todos os degraus sociais, não passa de uma atividade econômica com finalidade recreativa e socialmente necessária. Onde está a falha e os culpados? Segundo o ponto de vista dos órgãos reguladores e dos fabricantes não existe falhas ou culpados, afinal de contas, os dependentes foram previamente orientados a “Consumir com moderação...”, apesar do forte apelo implícito nas sedutoras campanhas publicitárias insinuando exatamente o oposto.
Errar a partir dos acertos não pode ser considerado um sinal de inteligência. No entanto, os erros, se bem avaliados e estudados, tornam-se uma das mais ricas fontes de reciclagem pessoal. Sem eles não existiriam os acertos. Mas um acerto sem o devido aperfeiçoamento ou requalificação torna-se estático, morto; tende a se transformar em um erro. Assim, acertar e cair na estagnação ou acomodação pode ser considerado um erro duplamente qualificado.
Em Busca da Reflexão Perdida...
Refletir sobre tudo isso nos faculta a despertar um estado dormente de inteligência que antes existia apenas como potencial. Uma qualidade potencial que não progride de modo a se consolidar e depois se aperfeiçoar, também evidencia essa mesma falta de inteligência. Mas a inteligência não pode existir sem o princípio da dúvida; sem a reflexão criativa, aquela que tem como referência o acervo de nossas falhas pessoais e as distorções identificáveis, assim como os entraves que precisam ser tratados; alguns reciclados, outros banidos de nossas vidas.
E nesse caminho, descobrir aquilo que somos e como nos relacionamos com o mundo e nossa imensa coleção de conflitos é fundamental. Nessa empreitada estamos diante de duas categorias de indivíduos. Os primeiros são aqueles “ignorantes”, e que se reconhecendo como tal, desejam mudar. Os outros são os indivíduos que, indiferentes a tudo isso, estão empenhados em aperfeiçoar suas deformações, manias e predisposições patológicas, como se isso significasse progresso consciencial ou evolução pessoal.
Da parte do segundo grupo, nenhuma ação, em direção alguma, é necessária. Nesse caso basta que se acomodem sem esperar por nada, pois, segundo sua visão, o mundo assim como está, já se configura como um caminho perfeito para sua autorrealização.
No entanto, aqueles que fazem parte do primeiro grupo, de posse dos seus atributos ou aportes recicladores, irão naturalmente descobrir que, ao mesmo tempo em que descortinam, autorrevelam e autorreciclam os traços fracos de suas personalidades, enobrecem e extrapolam seus traços fortes ou virtudes.
Com esse repertório em mãos, aquilo que é de menos se tornará mais; aquilo que é de mais será ampliado. E assim, amparados por esse novo repertório cognitivo, um mérito natural que foi conquistado a partir do despertar da inteligência e esforço pessoal, finalmente, terão encontrado seu verdadeiro caminho existencial.
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Alberto Silva Filho
É pesquisador das Ciências Cognitivas e orientador em educação infantil e adulta, inclusive da terceira idade, com especialização em Educação Integral. É também escritor de contos infantis e adultos e um dos colaboradores fixos do Site.
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Alberto J. Grimm
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