Autor: Site de Dicas
Ilustrações e Texto: Alberto Filho[1]
Revisto e Atualizado: 11 de Maio de 2024
Uma Mãe, que era muito severa e rude para com os filhos, deu de presente a sua filhinha um par de brincos de ouro.
E sempre que a menina ia à fonte buscar água, aproveitava a ocasião para tomar banho ali mesmo. Para isso, costumava tirar os brincos e colocá-los em cima de uma pedra próxima ao poço.
Um dia ela foi à fonte, tomou banho, encheu o pote e voltou para casa, esquecendo-se dos brincos.
Chegando em casa, deu por falta deles e com medo da mãe brigar com ela e castigá-la, correu à fonte para buscar seus preciosos brincos.
Chegando lá, encontrou um velho muito feio que, sem que ele esperasse, subitamente a agarrou, colocou-a nas costas, e a levou consigo.
Então, o velho pegou a menina e a colocou dentro de um surrão - um saco de couro, coseu a boca do surrão, e disse-lhe que ia sair com ela de porta em porta para ganhar a vida e que, quando ele ordenasse, ela deveria cantar de dentro do surrão, e caso não o fizesse, bateria nela com o bordão - cajado de madeira.
E em todo lugar que chegava, botava o surrão no chão e dizia:
"Canta, canta meu surrão,
Senão te bato com este bordão..."
E o surrão cantava:
"Neste surrão me puseram,
Neste surrão hei de morrer,
Por causa de uns brincos de ouro
Que na fonte eu deixei..."
E Todo mundo ficava admirado com aquilo, e dava dinheiro ao velho.
Certo dia, ele chegou à casa da mãe da menina, que imediatamente reconheceu a voz da filha desaparecida. Então convidaram o velho para comer e beber, e como já era tarde, insistiram muito com ele para que dormisse ali mesmo.
De noite, já bêbado, ele ferrou num sono muito pesado e profundo.
Então, as moças abriram o surrão e tiraram a menina que já estava muito fraca, quase para morrer. Em seu lugar, encheram o surrão com excrementos de animais.
No dia seguinte, o velho acordou, pegou no surrão, botou às costas, e foi-se embora. Adiante em uma casa, perguntou se queriam ouvir um surrão cantar. Botou o surrão no chão, e disse:
"Canta, canta meu surrão,
Senão te bato com este bordão..."
Nada. O surrão calado. Repetiu, e repetiu, e Nada, o surrão continou calado.
Então o velho, furioso, bateu com o cajado no surrão, que se arrebentou todo, mostrando a peça que as moças tinham lhe pregado.
Conto popular no Nordeste do Brasil, especialmente na Bahia e Maranhão. Chegou aqui pelos escravos africanos. No original africano, os personagens eram animais.
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