Autor: Editoria de Folclore - Site de Dicas[1]
Revisto e Atualizado: 02 de Maio de 2024
Esta é uma das lendas mais tradicionais do Brasil.
Existe um registro muito popular de fatos dessa natureza que aconteceram na Cidade de Ouro Preto, em Minas Gerais, no começo do século XX, por volta de 1900. O caso todo ocorreu numa pequena Igreja que ficava ao lado de um cemitério, e esta era a Igreja de Nossa Senhora das Mercês de Cima.
Quem presenciou uma dessas missas foi o zelador e sacristão da Igreja. Ele chamava-se João Leite, e era muito popular e querido em toda aquela região.
Conta-se que numa noite, já deitado em sua casa que ficava ao lado da igreja, ele viu luzes na Igreja, e pensando que fossem ladrões foi lá investigar. Para sua surpresa, viu que o templo estava cheio de fiéis, lustres e velas acesas, e o padre se preparando para celebrar uma missa. Mas, ao entrar, já percebeu que o ambiente estava mais frio que o relento do lado de fora.
A princípio só estranhou o fato de que todo mundo estava vestindo roupas escuras e permaneciam de cabeças baixas. No mais, tudo parecia caminhar para uma cerimônia religiosa tradicional. Cheiro de incenso no ar, altar arrumado, e um silêncio sepulcral. Achou também estranho uma missa naquela hora, e sem que ele nada soubesse. Era de fato uma coisa atípica. Subitamente os cabelos dos seus braços ficaram arrepiados e um frio esquisito percorreu seu corpo inteiro.
Quando o padre se voltou para dizer o "Dominus Vobiscum"[2], ele então viu que seu rosto era de uma caveira. Foi quando percebeu que também os coroinhas eram esqueletos vestidos com aquelas roupas que mais pareciam mortalhas. Não esperou para ver o resultado, saiu apressado dali e viu a porta que dava para o cemitério escancarada.
Voltou para casa sem saber o que pensar, completamente desorientado, pensando mesmo que estava sonhando acordado. E do seu quarto, ficou ouvindo aquela missa do outro mundo, até a benção final.
Nomes comuns: Missa das Almas, Missa das Almas Penadas.
Origem Provável: É sem dúvida originária da Europa. Em Portugal e Espanha, por volta da idade média, já se conheciam lendas com estas. Os romanos antigos acreditavam que os fantasmas dos parentes mortos se reuniam de tempos em tempos. Assim, eles, como também os Mouros espanhóis, celebravam a Festa dos Mortos. O objetivo seria espantar os fantasmas errantes dos antepassados. Em Portugal é conhecida como "A Missa das Almas", e na Espanha, como "La Misa de las Animas."
No caso brasileiro, é uma lenda muito comum em todo interior do país, embora sua primeira referência tenha como origem a cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, na Igreja de Nossa Senhora das Mercês de Cima.
Também em Minas Gerais, na cidade de São João Del Rei, na Matriz de N. S. do Pilar, existe um relato semelhante. Nesse caso, aconteceu com uma viúva, moradora do lugar. Ela teria assistido a uma dessas missas, e perdeu a noção do tempo. Quando o sino bateu doze vezes, à meia-noite, tudo desapareceu ficando ela sozinha completamente desorientada, e imaginando se tudo aquilo não passara de um sonho, daqueles que parecem a mais pura realidade.
De acordo com a crença de alguns, quem presencia uma dessas missas, ou está perto de morrer, ou seria um aviso de que vai morrer alguém conhecido dela. Já outros acreditam tratar-se de um sinal de vida longa e prosperidade.
[2] Frase em latim que significa "O Senhor esteja convosco", cujo responso, é: "Et cum spiritu tuo" ("E com o vosso espírito"). É um sacramental antigo em forma de saudação, tradicionalmente usado pelo clero na Missa do Rito romano, e na administração de outros sacramentos e sacramentais desse mesmo rito, bem como em liturgias de outras denominações cristãs ocidentais.
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