Autor: Editoria de Folclore - Site de Dicas[1]
Revisto e Atualizado: 02 de Maio de 2024
Amedronta as crianças que choram, as teimosas e as malcriadas, e também aquelas que insistem em não querer ir pra cama cedo. É uma espécie de Bicho Papão mineiro, cujo único papel conhecido é adormecer as crianças pelo medo.
O primeiro historiador brasileiro a documentar esse mito foi o pesquisador Vale Cabral[2].
E sua aparência é sem dúvida singular. Anda envolto em longa esteira de folhas de bananeira, ronca como se fosse um porco, e dança de forma compassada, dando pequenos passos, enquanto caminha. Às vezes, em meio à sua peculiar caminhada, dá uma paradinha seguida de giro[3].
O nome é um vocábulo africano, na verdade de origem Bantu, e teria como significado uma espécie de canto ou dança africana à exemplo do Lundu[4].
Há uma quadrinha que diz:
O Chibamba vestido de folhas de bananeira e dançando, lembra a África de onde o nome é originário. Em Angola e Congo, ainda hoje, os negros em suas tradições festivas e folclóricas, dançam vestindo elaboradas roupas feitas de folhas, ramos e galhinhos de plantas locais.
Na Ásia, entre os antepassados do Laos, da Indochina francesa, chamados de Pu Nhiê, há uma dança. Os Pu Nhiê, em certa época, vestindo folhas e peles, surgem com máscaras de monstros excêntricos. E Dançam lentos, compassados, dando giros misteriosos[3], ao som de tambores.
O Chibamba, é um remanescente dos rituais negros da África, que se transformou em Cuca, ou Negro Velho, e se tornou encarregado de fazer dormir à força as crianças. O fato de "roncar como um porco", é uma adaptação puramente brasileira.
Chibamba, em Minas Gerais, pelo nome e maior influência negra do que indígena, é africano. Ali ele vive fazendo as crianças dormirem, mesmo quando não estão com vontade.
Nomes comuns: Chibamba.
Origem: É africana.
De fato, os nativos africanos se vestiam com folhas e usavam máscaras assustadoras nos seus rituais de pesca, caça, e até mesmo os religiosos. Sua chegada ao Brasil mineiro, em seus terreiros festivos, onde as amas pretas de leite cuidavam dos seus bebês e também das crianças brancas, explica o surgimento do Chibamba como criatura assustadora.
Era uma oportunidade e tanto mostrar às crianças, aqueles figurantes caracterizados como monstros cobertos de folhas e mascarados, como sendo uma entidade que viria atormentar todas as crianças desobedientes que não queriam dormir cedo.
Na tradição africana, os figurantes cobertos de folhas e mascarados, simbolizavam a reencarnação dos seus antepassados, que ora os visitavam para abençoar suas festas, caçadas, colheitas, guerras e rituais de casamento.
Também os nossos índios dançavam envoltos em folhas e tecidos vegetais. Não é uma tradição dos Tupis, mas entre os pajés do Brasil colônia. E estes dançavam, nas horas dos rituais religiosos, disfarçados, cobertos de folhas e pintados com corantes vegetais. A dança lenta, rodada, com os figurantes cobertos com vestimentas ornamentadas, era tradição entre os Gês, Nu-aruacos e Caraíbas.
Mas a influência para a existência do Chibamba mineiro, é mesmo de origem africana.
[2] Alfredo do Vale Cabral é uma das figuras mais importantes da Biblioteca Nacional pelas iniciativas inéditas, por sua dedicação e pela qualidade dos serviços prestados. É também considerado por muitos um de nossos grandes estudiosos do folclore brasileiro, e o maior, desse conjunto de manifestações culturais, da Bahia.
[3] A dança grave, em giro, é bem africana e sem dúvida de finalidade religiosa. As outras, coletivas, festivas, em ritmo mais agitado, são rituais de pesca e caça.
[4] O Lundu ou Lundum é um gênero musical contemporâneo e uma dança brasileira de origem africana que possuía forte caráter sensual e batida rítmica dançante. Foi criada a partir dos batuques dos escravos Bantos trazidos ao Brasil de Angola e influenciada por ritmos portugueses. Basicamente era dançado por dois bailarinos que, no centro de uma roda, sapateavam, mexiam os quadris e davam as tradicionais "umbigadas".
Esta dança se tornou uma forma musical dominante durante todo o século XIX, e o primeiro ritmo africano a ser aceito pelos brancos. Neste período, surgem os mais importantes compositores que representam esta forma musical e a viola é adotada entre os instrumentos de corda utilizados.
Atualmente é considerada uma tradição ameaçada de desaparecer, sendo praticada ainda na região do Pará, na ilha de Marajó.
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