Autor: Alberto Filho[1]
Atualizado: 14 de Julho de 2024
Observação Importante:
Quando usamos termos, tais como, "Pais, Filhos, Alunos, Professor ou Educador", estamos nos referindo aos dois Gêneros, e não apenas ao Gênero Masculino.
Trata-se de uma atividade que vai ajudar sua criança ou aluno a tomar gosto pela leitura. As dicas se aplicam às crianças entre 4 e 12 anos de idade, com possibilidade de adaptação para faixas etárias maiores.
O primeiro passo é conversar com a criança e descobrir seu gosto literário, caso tenha algum. Isto é, você vai precisar saber com que tipo de assunto, gênero ou categoria literária ela mais se identifica. Caso não tenha nenhum ou não saiba, chegou a hora de você usar sua criatividade e despertar nela uma preferência, mesmo que depois de algum tempo seja descartada e substituída por outra que ela mesmo vai escolher.
Concluída esta etapa, desafie seu filho para leitura. Isto é feito do seguinte modo: Primeiro leia você mesmo um livro que trata de um assunto do qual ela gosta. Deixe que ela veja você lendo. Se fizer isso discretamente, sem prévio aviso, o efeito será ainda mais eficaz.
Não tente chamar atenção para o fato de estar lendo, especialmente se você não cultiva o hábito regular da leitura, uma vez que ela é capaz de perceber o artifício, e assim seu plano irá por água abaixo.
Ao perceber que vocês gostam da mesma coisa, ela vai receber uma enorme injeção de ânimo e sua Autoconfiança e Autoestima ganharão pontos extras. E ela pensará: “Imagine só, um adulto que têm o mesmo gosto literário que eu...”
Agora o segredo: Quando terminar de ler, não lhe ofereça o livrinho. Ao invés disso, coloque-o em lugar visível e acessível. Depois converse com ela sobre outros assuntos, e finalmente sobre histórias do tema que ela prefere. Só então comente sobre o que acabou de ler.
Como isso é feito em etapas, a pressa pode estragar tudo. Assim, em outra ocasião, diga que comprou um livro para ela ver. Enfatize, deixe claro, que se trata de uma obra especial.
Importante: Em momento algum a obrigue a ler. Dê-lhe o livrinho e pronto. Pode ser que num primeiro contato ela apenas vá folhear as páginas para explorar o terreno onde vai pisar mais tarde.
Eis uma observação importante. Neste caso, o seu comportamento como Pai ou Orientador é o fator que vai determinar o sucesso ou o fracasso do seu plano. Veja bem, não é "aquilo que pode determinar", e sim "o que vai determinar."
Os desenhos ou ilustrações deverão refletir claramente o que está no texto. Isto serve para que ela seja capaz de associar a escrita à ideia por trás do contexto. Em cima disso, por meio de sua imaginação e com a ajuda de imagens mentais, ela irá tentar criar sua própria concepção daquele ambiente e drama, e montar virtualmente a cenografia de toda trama.
São importantes as ilustrações, uma vez que servirão de sugestão para a definição das associações necessárias à construção virtual de cada ambiente ou mundo. Sozinha, sem a ajuda destes aportes, neste momento, ela é incapaz de fazer isso, uma vez que seu cérebro ainda está construindo seu acervo de experiências, para se tornar capaz de associar corretamente palavras e imagens, às respectivas sensações e significados.
Livro com poucas páginas; uma média de 15, para as crianças menores.
Diga também que tem interesse no livro. Nesse ponto, toda insegurança comum numa criança, própria do gesto de oferecer ou compartilhar alguma coisa de sua preferência com os adultos, tenderá a desaparecer.
Use seu bom senso e faça comentários complementares sem que ela peça, ao menos sobre aqueles termos que você julgar mais apropriados, e até como uma maneira de enriquecer o texto; mas não exagere, o excesso de interrupções poderá deixá-la insegura.
É importante que você saiba de uma coisa: Ela só fará perguntas se confiar em você, ou ainda se você lhe tiver dado autorização explícita para fazer isso. Está feito. Ela está pronta e sem mais nenhuma inibição.
Finalmente, seja paciente e nunca a corrija. Diga apenas que não entendeu com clareza algum parágrafo, e assim por diante. Neste caso, você poderá até pedir para que faça comentários pessoais e livres, de acordo com a compreensão dela.
Pode ser que, ao longo da leitura, a entonação de sua voz sofra algumas alterações, tais como, redução no volume, o que é normal. Solicite, de forma cordial, sem ordenar, com muito humor e gentileza, que ela fale um pouco mais alto. Para a criança, isso significa que você está de fato interessado na leitura e sua motivação aumentará ainda mais.
Ao perceber que ela está cansada, peça para fazer uma pausa e aproveite o momento para fazer comentários sobre a história. Os sintomas de cansaço são: mudanças constantes na posição do corpo, olhares discretos para os lados tentando mudar o foco dos olhos, respiração inquieta, bocejos, tentativa de deitar no chão ou sofá, ou ainda o ato de folhear o livro contando as folhas restantes. A depender do caso, combine com ela que o restante da leitura pode ficar para outra hora.
Diga o quanto gostou da história e da leitura; faça comentários positivos. Faça associações de casos do cotidiano com aqueles contextualizados na história, e Deixe no ar a sugestão, mas não de maneira explicíta, de que gostaria de repetir a experiência.
É importante você saber que a criança se sente naturalmente importante quando lhe confiam tarefas cujo resultado os adultos apreciam. Ao sentir-se necessária e incluída, seu nível de Autoconfiança e Motivação se consolida.
Os efeitos benéficos desta prática para sua personalidade são definitivos. Assim, a semente do hábito da leitura foi plantada de maneira simples, natural, sem as pressões, conflitos ou traumas de uma obrigação, em clima de harmonia, como tudo que é verdadeiro deve ser. E o mais importante, com a repetição desta e outras vivências, os vínculos afetivos serão definitivamente consolidados.
Recomendação Final:
Peça que ela leia para você outras vezes, mas não exagere. Dê-lhe mais livros, valorize, incentive, discuta cada sugestão que ela apresentar. Acompanhe-a na hora de comprar ou escolher os livros. Use sua criatividade para aplicar a mesma abordagem em sala de aula!
Em tempo, caso ela se interesse por quadrinhos, não hesite e aceite a oferta. Apenas tome o cuidado de escolher gêneros não pautados na violência gratuita, tramas voltadas ao belicismo, contextos negativos e mórbidos, ou às temáticas patológicas.