Adaptação e Revisão: Alberto Filho[1]
Conteúdo Revisto e Atualizado: 17 de Maio de 2024
"Quando os pais cercam os filhos como mimos exagerados, em pouco tempo, os efeitos nocivos dessa superproteção irá repercutir de maneira negativa em seu comportamento..."
Você o tem agora como a grande novidade da estação, e passa o dia a estimulá-lo com agrados exagerados, "bilu-bilus" para que ele sorria; afagos, cheiros, passando-o de braços em braços para que todos o admirem, olhem como ele é a "cara do Pai"; como é bonito, como é engraçado, como é "inteligente"; como tem cara – você diz "pinta" – de quem vai ser isto e aquilo; leva-o em horas impróprias, no seu carro, para cima e para baixo, e depois... Bem, depois "é um drama fazê-lo, simplesmente, dormir..."
Escute aqui: Você está se portando como uma mãezinha de primeiro ano, e considere comigo que o seu garoto não é um boneco aperfeiçoado, mas uma entidade viva. Ele é um pequenino ser vivo e o seu Sistema Sensorial já começa a assimilar as impressões emprestadas da conduta dos adultos que o rodeiam, e tudo isso muito antes de ser ele capaz de aprender o que quer que seja.
Os estímulos sensoriais tão frequentes como o ato de manter a criança nos braços, estar a balançá-la todo o dia, a embalá-la com músicas e cantorias, mesmo estas que são as mais "inocentes", afetam profundamente a sua sensibilidade. E são capazes de influenciar o seu sistema nervoso ao ponto de perturbar seu sono. Isto agora, porque a sua conduta, exaltando-lhe a sensibilidade, constituirá, depois, como que um vírus em estado de hibernação, que poderá provocar, mesmo daqui a muito tempo, as mais diversas perturbações emocionais. Certamente, quem não dormirá depois será você...
Se o seu filho chora, que faz você? Esbalda-se em movimentos à sua volta, dança, salta, canta, faz trejeitos para o garoto; fala para ele em todos os tons, desde a súplica até os gritinhos de intimidação. Se não obtém resultado com toda essa pantomima, já cansada e quase esgotada, passa a tentar adverti-lo, como se ele fosse capaz de entender o sentido das suas palavras e, por fim, como isto não acontece, não resiste ao impulso de dar-lhe uma ou duas palmadinhas. Quanto esforço inútil!!!
Se a criança chora, deixe-a chorar no seu berço – naturalmente verifique se alguma coisa a está incomodando, se está sentindo alguma dor. Caso isto não esteja ocorrendo, então, deixe-a expandir seu choro. Acontece que, muito cedo, se apercebe a criança de que o choro é a sua grande arma. Cria-se a "manha", que terá nos pais o seu principal cúmplice e apoiador, uma reação já esperada pela criança, que agora sabe ter os pais na palma das mãos. Assim, depois de criar e incentivar o capcioso hábito, de fato, espera a senhora, realmente, que esta sua conversa mole e “Bate-e-sopra” será mesmo capaz de modificar a postura?
O que você precisa é de um programa de vida. Um programa de vida que lhe permita cuidar de maneira eficiente do seu bebê e de cuidar-se de si mesma. Um programa de vida que condicione as necessidades da criança a horários. Horário exato para a alimentação, horário exato para dormir. Calma e sossego que permitam que ela possa adormecer naturalmente, ou seja, que lhe permitam repousar em boas condições para o sono.
Isto não quer dizer que se deixe levar pelo exagero de impedir os ruídos normais da casa. Não será necessário exigir uma "cortina de silêncio absoluto", ou impor a todo mundo que "fique calado, não fale, cuidado que o neném está dormindo." Bastará um relativo ambiente de calma para lhe proporcionar a tranquilidade necessária.
Verifique a roupa do seu berço, que deverá manter-se limpa e fresca. Se o quarto está suficientemente arejado, se a luz não o incomoda – o garoto deve ser habituado a dormir no escuro e sozinho no seu próprio quarto. Se o menino está limpo, de roupa leve e adequada, bem alimentado, então o garoto estará em boas condições para adormecer por si mesmo, sem a participação dos adultos, sem embalos; sem cantorias, sem carícias ou caricaturas; sem rituais. Lembre-se de uma coisa, carinho é uma coisa completamente diferente desse "dengo" para dormir.
Acabe também com o costume de levar visitas para ver o neném adormecido, com o hábito de acordá-lo para que todos vejam como ele está "engraçadinho". Ele não é um boneco que abre e fecha os olhos instantaneamente, a depender da demanda do público espectador. Respeite o seu descanso; deixe-o dormir sozinho e resista ao desejo de o estar inspecionando a todo o momento. E depois, bem, depois você vai descobrir que todo o drama era ensaiado por você mesma.