Autores: Alberto Filho e Jon Talber[1]
Conteúdo Atualizado: 15 de Julho de 2024
Observação Importante: Quando usamos a Expressão "Os Pais", estamos nos referindo aos dois Gêneros, e não apenas ao Gênero Masculino.
Explicar para uma criança, por meio do exemplo, o que significa um tijolo quebrado, isso é relativamente fácil. Basta que ela visualize o tijolo inteiro e depois o processo da quebra e está feito. Não será necessário repetir o procedimento, afinal de contas, a demonstração já resume tudo. Assim, a experiência visual já é suficiente para que ela compreenda o significado daquela orientação.
Já a experiência sensorial, onde ela própria irá quebrar o tijolo, isto é outra coisa. Desse modo, temos então dois aspectos: a compreensão visual e a sensorial. São dois níveis cognitivos. Há o efeito visual e a sensação táctil. E isso deveria finalizar todo processo de aprendizado em relação a este objeto.
Entretanto, existe ainda um terceiro elemento ou recurso que é o acabamento teórico ou textual, quando, por meio de palavras e informações complementares, os dois primeiros se consolidam. No entanto, quando este recurso é usado isoladamente, como não há o exemplo demonstrando o fato, a informação servirá apenas como dica, indicação de uma hipótese ou probabilidade, possível ou não, de posteriormente ser refutada ou comprovada.
O aprendizado completo ocorre apenas a partir do momento em que a criança ou jovem tem a experiência visual seguida da sensorial, uma vivência que deverá ser complementada por meio do esclarecimento textual ou teórico. Isto significa que uma explicação oral e detalhada sobre o acontecimento, numa linguagem possível de ser compreendida pelo aprendiz, deverá fazer parte do pacote. E quanto mais a criança ou jovem aprende sobre a recente autoexperimentação, maior será a qualidade do seu conhecimento.
A maioria dos ensinamentos que as crianças captam dos adultos por meio dos exemplos, muitas vezes ocorre de maneira discreta e involuntária. Isto é, o adulto no papel de orientador inconsciente, ao exercer sua rotina diária dentro de casa, indiferente à presença dos filhos, nem se dá conta de que ativamente está ensinando novos hábitos ao atento jovem que está ao seu lado.
Pode ser uma mania, a expressão de uma reação de raiva, indignação ou ato violento; ou ainda um gesto de antipatia ou empatia. Em outras ocasiões, um gesto de insatisfação que se transforma em mágoa; uma crítica sem fundamento, um Mau Hábito ou Vício, uma complulsão alimentar, ou até mesmo uma satisfação mórbida por alguma coisa.
Para a mente com pouca experiência de vida, com é o caso da criança ou jovem, importa mais a utilidade que a qualidade. Um bom conselho teórico, por mais qualificado que seja, para eles, tem o mesmo valor que teria uma moeda de ouro para um pato selvagem.
Se o conselho não vier precedido do respectivo exemplo, de modo que o jovem seja capaz de associar a informação visual ao ato teórico daquele fato, todo processo será perda de tempo.
Por isso, para uma criança pequena ainda carente de lastro cognitivo, ensinar a fazer tem mais valor do que dizer que pode ser feito. Já para um jovem, com mais experiência de vida, cujo lastro intelectual já o permite associar a palavra ao fato, a dica informativa e esclarecedora é sempre preciosa, e se vier de fonte qualificada e íntegra, podemos considerar uma benção.
No entanto, engana-se aquele que vê o aprendizado como um processo que chega ao fim. Na verdade, trata-se de um caminho, que embora tenha um começo, nunca tem fim. Neste processo contínuo, a experiência de hoje sempre irá servir como alicerce para a compreensão da experiência de amanhã. E eis a razão pela qual estará para sempre incompleto.
Ainda assim, podemos ter certeza de quando começa. Por isso o esclarecimento na hora da dúvida é fundamental, insubstituível, fará toda diferença. Mas, para que isso aconteça, é necessário que a prática da dúvida se transforme em um hábito. E isso ocorre naturalmente quando a explicação possível de se converter em aprendizado está disponível, ou seja, quando alguém consciente, de boa vontade e lúcido dos seus atos, está presente e disposto a dar esclarecimentos.
Mas a criança só terá dúvidas se souber qual é a utilidade daquele contexto, e o mais importante, se tiver o aporte necessário para elucidar seus questionamentos. E neste caso, mais uma vez, o papel dos pais é insubstituível, afinal de contas, sem sua assistência o princípio da dúvida jamais fará parte da rotina diária dos filhos. Deste apoio inicial poderá nascer a verdadeira Inteligência, um status possível de ganhar forma apenas quando, além de não termos certeza de nada, também temos a curiosidade para aprender ainda mais.
Um erro cometido é a melhor forma de exemplificar qualquer ensinamento. Assim, o pai ou educador atento usará deste valioso argumento educativo com seus filhos ou alunos, sempre que a ocasião se fizer presente.
E no dia a dia não faltarão oportunidades. Pode ocorrer nos pequenos detalhes, a partir de erros discretos, ou mesmo os eventos mais insignificantes, afinal de contas, o terreno precisa ser preparado antes a partir dos pequenas ocorrências, antes que as mais significativas venham a ocorrer. Apenas pela ciência do menos é possível de se chegar ao mais.
Mas, sem paciência é bom nem começar. A impaciência é um péssimo mau exemplo, especialmente para a instável sensibilidade infantil ou juvenil. Ocorre que qualquer mudança negativa no estado emocional dos adultos, poderá desencadear traumas irreparáveis naquele pequeno e instável cérebro ainda em busca de um alicerce e consistência para moldar as bases de sua futura personalidade.
Para a criança, o melhor ensinamento é aquele possível de ser demonstrado de maneira prática, ou seja, por meio da autoexperimentação. Já para o jovem com mais idade, além da vivência, o esclarecimento sobre o que está acontecendo, este é um complemento que nunca deverá de estar presente.
Entretanto, talvez o mais importante de tudo isso seja a descoberta das predisposições inatas das crianças ou dos traços falhos e fortes em um jovem com mais idade. De posse deste acervo, o pai ou educador poderá ser mais eficiente em orientar cada um dos seus filhos ou alunos, encaminhando-os da forma adequada para o fim desejado, ou mesmo para a descoberta e aplicabilidade da sua vocação.
E lembrando mais uma vez que, uma palavra ou descrição, por mais refinada que seja seu detalhamento e contextualização, ainda assim é incapaz de introduzir sensorialmente dentro daquele imaturo indivíduo a compreensão da experiência vivida por outro.