Autor: Alberto Filho[1]
Revisto e Atualizado: 17 de maio de 2024
Examinando o atual estado das coisas:
Com frequência, se enfatiza os supostos benefícios que a moderna tecnologia é capaz de nos proporcionar, especialmente quando a pauta em questão são os novos recursos e atrações relacionadas ao fascinante mundo virtual. Neste escopo estão os Computadores, As Redes Sociais, a Inteligência Artificial, os Smartphones e demais acessórios eletrônicos de última geração que colocam à nossa disposição um grande acervo de aplicativos, utilitários, serviços, informações, incontáveis atrações e exóticas “conveniências”.
Se os benefícios são indiscutíveis, os malefícios, quase sempre são deixados de lado, intencionalemente omitidos ou simplesmente ignorados. Mas, quando colocamos tudo numa balança usando uma cota mínima de inteligência e aplicando como critério de avaliação as regras universais do bom senso, talvez até possamos vislumbrar outro cenário, e quem sabe encontrar um nível de convivência sensata, algo mais próximo da realidade.
Por exemplo, se de um lado o mundo da informação digitalizada nunca nos ofereceu tantas possibilidades, por outro, há um lado obscuro que precisa ser avaliado, estudado, examinado, e tudo isso com olhar crítico e redobrado cuidado, para que os supostos “avanços e benefícios” tão propagados pelo marketing cibernético não se transformem em malefícios disfarçados de virtudes. É bom lembrar sempre do adágio: “Um tijolo nas mãos de um pedreiro servirá para edificar belas construções; já nas mãos de um malfeitor, poderá se transformar em uma eficaz arma de destruição...”
Portanto, trata-se de um mundo novo, ainda em construção, inexplorado, repleto de informações e atrações, mas recheado de armadilhas; um terreno que precisa ser explorado com muita cautela; um mundo onde as falsas verdades caminham de braços dados com os fatos autênticos; um mundo entrecortado por incontáveis caminhos floridos repletos de presentes cujos conteúdos nunca são o que aparentam ser.
Ou seja, não nos parece ser um ambiente amistoso onde crianças ou jovens imaturos possam transitar livremente sem antes receber os devidos esclarecimentos. Afinal de contas, aquele ambiente de aparência cordial, festivo, onde tudo é permitido, esconde por trás de sua cara bem maquiada e sorridente uma realidade muitas vezes obscura.
Ao final, vale a ponderação, o juízo crítico e o questionamento inteligente. Lembre-se: "Criança sem bom senso em terra de ninguém acaba encontrando aquilo que nem a ela, nem aos outros convém..."
Ao final, vale a ponderação e o questionamento inteligente. Lembre-se: "Criança sem bom senso em terra de ninguém acaba encontrando aquilo que nem a ela, nem aos outros convém..."
Enfim, eis a seguir algumas considerações sobre o assunto, que, segundo o princípio da dúvida, podemos enumerar como ponto de partida para uma reflexão pessoal mais ajuizada, sensata, e longe da agenda dos extremismos.
"A internet aproxima as pessoas por meio de uma maior interação..."
Negar os benefícios da Internet seria uma grande e insensata estupidez, mas, quando a questão se volta para a interação entre pessoas, os tais “benefícios” não podem ser aplicados como uma regra absoluta.
A consolidação de uma amizade verdadeira não é possível sem o advento da interação e convivência íntima, o contato olho no olho. Afinal de contas, uma boa conversa presencial ainda é o melhor remédio para fortalecer e potencializar uma relação amigável, e além de fortalecer os laços da convivialidade, tem um importante efeito terapêutico sobre nosso estado emocional, uma experiência impossível de ser vivenciada dentro do mundo virtual.
A falta de interação pessoal gera solidão, angústia, frustração e apatia. Isolado pela clausura da falta de contato pessoal, o indivíduo tende a se tornar amargo, insensível e melancólico, e em muitos casos sua rota de fuga poderá levá-lo aos lenitivos psicotrópicos, posturas extremistas e ativismos paranoicos, um oportuno meio de compensar a frustração do sentimento de isolamento e depressão.
"A criança aprende mais, isso porque há uma grande quantidade de informação disponível..."
Este é um mito dos mais importantes, e infelizmente, se transformou em uma falsa verdade. O pior de tudo é que esta mentalidade já adentrou em todos os recantos civilizados deste planeta, e faz parte de um extravagante cortejo midiático, que sobre patrocínio dos seus criadores e gestores entra sem permissão em todas as casas.
São os senhores da mídia virtual ou impressa, uma poderosa indústria cujos axiomas ou posturas, claramente equivocadas, são cultuados como verdadeiras doutrinas existenciais, por um crescente exército de indivíduos que sob o hipnótico efeito do culto às coisas inúteis, aceita sem contestar, segue sem pensar, consome sem precisar.
E embora exista muita informação, grande parte desta é desqualificada, ou simplesmente refugo, o que acaba por causar mais confusão que esclarecimento. Ali há um crescente e cada vez mais qualificado excesso de desinformação. Trata-se de uma terra de ninguém, onde novos modismos, paranoias, alienações coletivas, são acolhidas a cada minuto.
Má informação numa mente infantil o juvenil ainda sem discernimento tem o mesmo peso de uma verdade. Saber filtrar o que serve daquilo que não serve, isso ainda não faz parte do repertório cognitivo de uma criança ou jovem imaturo, motivo pelo qual estará sob jugo ou assédio das inúmeras e sedutoras correntes negativas que ainda proliferam no meio virtual.
"A Criança de hoje, ao contrário de antigamente, se torna madura cada vez mais cedo..."
Não caia nessa balela, isso não existe, trata-se de mais um mito dos novos tempos. Maturidade não se consegue com volume de informações ou recursos tecnológicos, e sim com vivência, experiência de vida, tropeços, alegrias, erros e acertos, dentro do mundo real, vivendo um dia de cada vez, não há outro modo.
Informação sem discernimento, ou cujo significado não se conhece, sempre irá resultar em desdobramentos desastrosos. E ali naquele mundo onde a criança ou jovem sob comoção do efeito manada age sem pensar, muita coisa inútil e negativa, patrocinada por movimentos obscuros e correntes mal intencionadas é compartilhada, tornando aquele ambiente uma verdadeira fábrica de distúrbios psicológicos, que não tardarão a mostrar seus desastrosos efeitos.
E por último, não acredite em nada que você mesmo não seja capaz de experienciar ou comprovar por meio da autovivência sadia e lúcida. Lucidez significa estar consciente, sóbrio, livre do efeito sedutor e inebriante de crenças, ideologias, correntes ou movimentos extremistas. Experimente o dom do questionamento, descubra por si mesmo o que vem a ser pensamento crítico, bom senso e principalmente, coerência.
Duvide de tudo, até das suas maiores certezas. Sem o dom da dúvida você nunca se tornará inteligente. Aplique suas ideias em objetivos práticos, necessários, e o mais importante, que sejam realizáveis.
[1]
Alberto Filho, É orientador e Consultor em educação infantil e adulta, inclusive da terceira idade, com especialização em Educação Integral e Holística. É também Tradutor, Escritor de Contos Infantis e Adultos.
Email: albfilho@gmail.com
O autor não possui Website ou Blog pessoal.
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