Autores: Jon Talber[1]
Atualizado: 01 de Janeiro de 2025
Observação Importante: Quando usamos a Expressão "O Pai ou os Pais, Educador ou Educadores", estamos nos referindo aos dois Gêneros, e não apenas ao Gênero Masculino.
Evidente é que em nosso mundo não podemos prescindir das escolhas. Isto não é possível, ao menos por enquanto, uma vez que todo processo social humano é dependente desta condição. Já no momento em que abrimos nossos olhos, pela manhã, ainda na cama, temos de escolher se vamos ou não permanecer deitados; quais são nossas prioridades e obrigações, aquelas que exigirão maior atenção no decorrer do dia, e assim por diante.
O modo como lidamos com nossas escolhas, isso também servirá de instrução para nossos filhos. Não se trata de um processo explícito, como é, por exemplo, numa sala de aula, onde todos diante do educador aguardam suas preleções diárias.
Em nossa rotina dentro de casa, as nuances do nosso comportamento, discretas ou ostensivas, que se manifestam diante das várias circunstâncias, é o principal meio de instrução para a construção dos valores primários de uma criança. Trata-de se uma pedagogia informal, não planejada, onde não há um professor caracterizado cumprindo seu magistério pedagógico.
Ocupados com nossos próprios afazeres e mergulhados num mundo pessoal de problemas e aspirações sem fim, desatentos aos nossos atos e com aquilo que sai de nossas bocas, nunca paramos para orientar e alertar nossos filhos de que cada situação ou circunstância da vida sempre tem um lado aparente e outro oculto. Ou seja, antes de uma decisão, devemos sempre avaliar os contras e prós de cada questão, mesmo que seja o simples ato de escovar os dentes.
Por que a criança precisa escovar os dentes após as refeições? Será que elas, suas crianças, já estão cientes do motivo ou você imagina que irão absorver este esclarecimento por meio de um processo telepático espontâneo? E, no entanto, trata-se de um simples ato de escolha que mais tarde servirá de base para processar eleições mais complexas.
Assim, desde cedo, a criança precisa compreender estas coisas, e também tomar conhecimento das causas e efeitos dos seus atos. E devemos começar primeiro com aquilo que parece mais óbvio, deixando claro que durante a vida inteira terão sempre que escolher.
E isso inclui ter disposição para ouvir. Ouvir é um processo de escolha; escolhemos aquilo que vai merecer nossa atenção. Dar ouvidos é o mesmo que escutar, assimilar uma informação que é transmitida por alguém. As crianças só irão dar ouvidos aos pais se a recíproca for verdadeira. E não adianta fingir, elas têm sensibilidade suficiente para saber se os adultos estão ou não interessados no que dizem.
Caso sintam que há um real interesse dos pais em saber o que estão fazendo, experimentando ou relatando, terão sua atenção. Não precisa ser uma atenção exagerada, basta um mínimo, algo como um elogio informal, um comentário sobre qualquer tarefa que venham a cumprir, seja uma atividade escolar, tarefa da casa, ou mesmo a escolha de um livro.
Um elogio é diferente de uma recompensa ou um presente. Um elogio sincero, sem recompensas, sem presentes, para a criança, por mais paradoxal e improvável que pareça, tem muito mais valor que um agrado material dado por força de um evento festivo, tradição ou convenção social.
Se a vida é um processo contínuo de escolhas, perder e ganhar são condições inseparáveis do nosso viver. Saber perder ou ganhar, isto deveria ser uma das mais importantes lições de vida que poderíamos deixar como herança edificante para um filho ou aluno. Esta instrução, o fato de saber perder ou ganhar, ao contrário do que muitos pensam, se aprende por meio de exemplos.
Deste aprendizado nascerá um adulto confiante, sensato, respeitador, justo. Ou, caso contrário, um fracassado, injusto, inseguro e amargo, e por isso mesmo, intolerante, recluso, violento. Um indivíduo de temperamento inseguro é quase sempre intolerante e violento.
Saber Perder ou ganhar se aprende primeiramente em casa, diante das reações espontâneas ou inteligentemente calculadas dos pais. E também a partir daquilo que sai da boca destes mesmos pais nossas bocas. São os comentários involuntários ou voluntários, e finalmente, através de suas reações e ações.
Os pais são, em primeira instância, para suas crianças, aquilo que dizem ser. Motivo pelo qual estão sempre na expectativa, especialmente diante das reações e posturas dos adultos, o modo como se comportam no seu dia a dia. Perceba-se a felicidade em seus rostos quando são capazes de constatar, pessoalmente, que seus pais falaram a verdade. Isto é, quando os pais são capazes de cumprir a promessa por meio do edificante exemplarismo. A frustração diante do não cumprimento se assemelha ao que sentimos quando somos traídos por um amigo; pelo nosso melhor amigo.
Trata-se de uma frustração impossível de esquecer. Ficarão em dúvida sobre a perspectiva ou valor do próprio viver. Sua autoestima irá se desintegrar. Tenderão a perder a confiança nos seus pais ou educadores, e isso dificilmente poderá ser revertido. Convém nunca esquecer que, para uma criança, a última impressão é a que fica armazenada em sua memória.
A atitude dos pais, o modo como se comportam diante de uma falha ou perda, seja a angústia provocada por um sentimento de fracasso ou a energia e vigor da persistência, isso elas também herdarão como bons exemplos. O bom humor diante de um contratempo, este é um dos maiores presentes que os pais poderão lhes proporcionar como exemplo educativo de valor. Um adulto que enfrenta seus problemas com bom humor e altivez, dificilmente irá agir com insensatez ou incoerência.
Este adulto sabe que perder faz parte do jogo, e que não se perde sempre, nem para sempre, por isso aprende com os contratempos, e ensina por meio de sua edificante postura exemplar, mesmo sem se dar conta. E faz isso ao enfrentar os problemas com naturalidade, sempre bem humorado e otimista, diante de suas atentas crianças.
Existirá lição mais objetiva, direta, proveitosa para uma criança do que ver o próprio pai ou educador mostrando para ela mesma, através dos próprios atos, que aquela coisa sobre a qual lhe falou é real, factível? Ao dar um exemplo de atitude ética ou postura diante de um problema, cumpra, e assim poderá provar que aquilo é possível de ser feito, que é coisa exequível.
Exemplos inspiradores nunca terão o mesmo efeito de simples palavras, mas de palavras que foram confirmadas, autenticadas por meio de um gesto comprovado, e isso, definitivamente, para uma criança, torna-se uma verdade incontestável, incorruptível e edificante para o resto de sua vida.
Por último, uma lamentação seguida de comentários depreciativos e sórdidos, é uma excelente forma de criarmos uma criança negativa, uma vez que para reforçar esta postura ela encontrará abundantes exemplos semelhantes na rua, e neste mesmo ambiente exterior, raramente terá diante de si comentários, ressalvas ou posturas edificantes.
Por isso, devemos comentar as injúrias sofridas ou problemas inevitáveis, sempre com uma dose de imparcialidade ou crítica bem humorada e inteligente. Esta postura criará nas crianças a certeza de que um contratempo é apenas um dos lados da questão, que existe outro lado, e neste poderá estar contida a solução para aquele dilema, não importa qual seja sua dimensão.