Autores: Jon Talber e Ester Cartago[1]
Atualizado: 01 de Janeiro de 2025
Observação Importante: Quando usamos a Expressão "Os Pais", estamos nos referindo aos dois Gêneros, e não apenas ao Gênero Masculino.
Quando se induz uma criança a seguir uma carreira profissional, seja para que se cumpra uma tradição familiar, ou ainda para satisfazer a vaidade de pais ou parentes, estamos corrompendo de maneira irremediável e definitiva sua natureza original e sufocando sua Vocação; um atributo que ainda não conhecemos, e certamente, depois desta infeliz e insensata abordagem, jamais iremos conhecer.
Ainda não sabemos quais são suas predisposições inatas, aquelas inclinações psicológicas mais adequadas e alinhadas ao seu perfil e temperamento de cada jovem ou criança, no entanto, na maioria das vezes, vamos forçar os mesmos a adotar uma postura, que só por milagre não será totalmente contrária às suas verdadeiras tendências.
Psicologicamente podemos ter qualquer personalidade ou comportamento, e com o tempo, por preguiça, acomodação ou simples submissão, até aceitar posturas, crenças e ideologias que não estejam em ressonância com nossa natureza original. Excepcionalmente, também podemos nos identificar com aquilo que esteja mais alinhado com nossas predisposições naturais ou idiossincrasias, e neste caso, estamos diante de um processo, ou condição, Vocacional.
Convencer uma criança ainda inexperiente, sem lastro de vida suficiente para discernir sobre aquilo que melhor se ajusta ao seu temperamento, sem dar-lhe a conhecer as alternativas disponíveis, trata-se de um simples processo de Lavagem Cerebral ou postura déspota. Não difere da técnica usada para alienar fanáticos religiosos e ideológicos, incitar intolerâncias ou ódio entre grupos étnicos, sociais ou nacionalistas.
Pode ser que num primeiro momento este jovem Condicionado não se dê conta de que foi coagido ou forçado a seguir um caminho profissional ou ideológico à revelia de sua vontade, e o mais importante, sem o direito de antes conhecer outras opções.
É claro que, muitas vezes, por não conhecer nada mais além daquilo que lhe foi apresentado em Casa ou na Escola, sem questionamentos, acabe por aceitar sem resistência, chegando mesmo a desenvolver um vínculo afetivo com aquela atividade ou postura. Mas tal comportamento jamais poderá ser interpretado como Vocação, muito mesmo será capaz de futuramente lhe proporcionar o sentimento de realização pessoal.
Quando se institui prêmio e castigo como método para algum tipo de avaliação, por trás da ideia de admoestações e recompensas, emocionalmente as crianças reagem como se estivessem diante de uma ameaça oculta. E em suas mentes, o sentimento de que algo de negativo poderá lhes acontecer será predominante.
Poderão cumprir com suas tarefas com resultados satisfatórios, mas nunca com o sentimento pleno de liberdade e realização pessoal. Não poderão evitar o medo das ameaças que estão implícitas nesta bizarra prática coercitiva. A partir deste ponto, todas suas ações serão patrocinadas apenas pelo medo do castigo ou por força das promessas de Recompensas.
A descoberta da Vocação de uma criança ou jovem deveria ser a mais importante pauta dentro de todas as pedagogias deste mundo, e especialmente dentro de casa. Uma especialidade educacional séria, onde a primeira atribuição de pais e docentes seria aprender sobre si mesmo. Neste processo se encarregariam de examinar, investigar, descobrir tudo que não sabem sobre o próprio processo Vocacional. A lógica é simples: Se nada sabemos sobre o assunto, que tipo de aporte instrucional poderemos proporcionar a quem quer seja?
Mas, na pedagogia do copiar e colar, onde o ato de pensar por conta própria nunca é visto com bons olhos, não há espaço para abordagens deste tipo. E a maioria desses jovens passará pela vida acadêmica e social sem conhecer seu verdadeiro perfil Vocacional. O pior de tudo é que, de maneira direta ou não, estes educadores acabarão por tentar influenciá-los na escolha de suas profissões e preferências, mesmo que tais opções se oponham radicalmente às suas predisposições ou tendências inatas.
A juventude é a melhor época para se investigar ou questionar qualquer coisa, seja os motivos da prática de uma tradição ou costume milenar, um traço ou aspecto comportamental, ou mesmo as nuances ou características de temperamentos ou predisposições.
Uma mente adulta raramente possui esta qualidade, frescor e vitalidade, uma vez que, na maioria das vezes, já está cristalizada, calcificada, fossilizada, atrofiada e morta pelo condicionamento, já perdeu sua capacidade de pensar por conta própria. Já se tornou embrutecida, opaca, e nada que signifique mudança é mais do seu interesse.
Prefere seguir, sem questionar; ser conduzida sem saber para onde e seguir cegamente a rotina da tradição, por mais bizarra e absurda que seja. Terá na força dos hábitos e costumes seu lugar de aporte e berço esplêndido; um oportuno cativeiro que ele vai chamar de zona de conforto, que lhe servirão como oportunas e sedutoras muletas, das quais jamais pretende se separar.
Veja como há em nós, os adultos, uma espécie de sentimento de conformação; como tocamos nossa vida à espera de Mudanças que virão de fora, patrocinadas por uma espécie de milagre. Estamos sempre no aguardo da chegada de mudanças, que vindo de fora e de maneira espontânea, se proponha a contagiar o planeta, e num estalar de dedos, seja capaz de reconfigurar o mundo, preferencialmente, de acordo com nossos desejos, caprichos e aspirações pessoais.
Consciente de tudo isso, pai e educador, se forem capazes de deixar suas próprias limitações, vaidades e frustrações de lado, deveriam então ajudar suas crianças e jovens a se tornarem, desde muito cedo, questionadoras ativas, e não conformadas passivas, a exemplo da maioria destes mesmos adultos.
Um bom começo seria, por exemplo, questionar por que nosso mundo, a despeito das novas gerações, com todo seu proclamado progresso e aparato tecnológico, continua a repetir na íntegra os mesmos antigos velhos e obscuros problemas, medos, deformações, frustrações, violência e conflitos existenciais sem fim. Na mesma empreitada, poderiam perceber como este “Novo Homem”, apesar de vestir uma moderna e sofisticada indumentária, ainda não conseguiu mudar de conteúdo.
Uma criança deve ser observada, por pais e educadores, de longe; quer dizer, de modo discreto, da mesma maneira que se monitora um animal arisco. Assim, pelo estudo dos seus gestos naturais, na sua espontânea maneira de reagir diante das situações diárias, quando deixam transparecer as nuances do seu verdadeiro temperamento, poderão lhes traçar um perfil básico. E a partir disso, a Vocação da mesma poderá ser descoberta, incentivada, aperfeiçoada, ampliada, fortalecida, consolidada e potencializada ao máximo.
Pela natural observação de seus atos, suas primeiras preferências e inclinações, poderá o Pai ou educador investigar se aquilo é uma semente vocacional ou simples compulsão patrocinada por algum modismo de ocasião. Este exame servirá como um termômetro capaz de separar posturas vocacionais das posturas compulsórias patrocinadas pelas correntes midiáticas ou movimentos sociais. Sendo um modismo, logo a criança naturalmente abandonará a ideia, partindo para outra. Os adultos poderão ajudar investigando, de modo discreto, o porquê daquelas predileções, o que só é possível, quando entre eles e as crianças, há um vínculo de confiança.
Finalmente, importante é que você saiba de uma vez por todas, que Vocação não se descobre a partir de testes Psicológicos Teóricos. Estes testes, na maioria das vezes funcionam como processos sugestivos ou indutores que acabarão por desviar a criança ou jovem de suas verdadeiras inclinações.
A verdade é que, Nenhum gabarito estatístico jamais será capaz de determinar um estado embrionário e ainda indefinido de um cérebro, especialmente de uma criança ou pré-adolescente, cuja idade ainda não foi suficiente para adquirir a experiência de vida necessária para ser capaz de tomar decisões e fazer escolhas com base em suas vivências pessoais.
Do mesmo modo que a partir de uma descrição não podemos mostrar a alguém a forma concreta de um sentimento ou sabor, também não podemos a partir de um gabarito determinar uma Vocação. Mas podemos, a partir da propaganda sistemática, a partir da força de uma recorrente sugestão, fazer alguém crer que aquilo é sua preferência ou até um processo de escolha voluntária. A propaganda já faz isso conosco todos os dias. Chamamos a isso de Lavagem Cerebral com fins econômicos, políticos, religiosos ou Ideológicos.
Se deixarmos nas mãos destes acadêmicos "especialistas” o futuro vocacional de nossas crianças, logo mais, no exercício de suas profissões, iremos nos deparar com um indivíduo frustrado, apático, desmotivado e sem criatividade. E sua angústia pessoal acabará por revelar o erro cometido a partir daquela tendenciosa e inconsequente escolha do passado que, na maioria das vezes, sequer passou pelo seu crivo decisório.