Autores: Jon Talber e Alberto Filho[1]
Conteúdo Atualizado: 16 de Julho de 2024
Observação Importante: Quando usamos a Expressão "Pai ou os Pais, Educador ou Educadores", estamos nos referindo aos dois Gêneros, e não apenas ao Gênero Masculino.
Quando se observa o drama humano de maneira lúcida e sensata, logo percebemos uma necessidade urgente podr mudanças, especialmente na maneira como nos relacionamos com tudo à nossa volta. Afinal de contas, em nossos dias a questão dos relacionamentos toma a proporção de uma calamidade social das mais sérias.
E embora esta análise não pareça ser uma tarefa tão simples, deveria ser o eixo de qualquer magistério, dentro ou fora de casa, caso contrário, qualquer iniciativa educacional não terá utilidade alguma.
De que nos serve um excelente técnico ou um excepcional cientista, se estes são incapazes de resolver os mais simples conflitos existenciais do homem e ainda desconhecem o que vem a ser ética? Podemos formar excelentes especialistas do mundo técnico ou econômico, mas ainda somos incapazes de promover a simples erradicação dos antagonismos e conflitos nos interrelacionamentos.
Para o pai ou educador torna-se uma prioridade compreender como ele mesmo se relaciona com as pessoas, objetos, assim como com as ideias do mundo, pois tudo isso sumariza o viver do homem atual. A síntese dos nossos relacionamentos revela o que somos. Por isso, é papel do docente, seja dentro de casa ou na escola, descobrir como ele próprio lida com todas estas questões.
Esta compreensão é uma prioridade e uma das qualificações necessárias para que se torne capaz de orientar corretamente, tanto alunos e filhos, quanto a si mesmo.
Compreender como interagimos com este mundo de permanentes contrastes e intermináveis conflitos torna-se uma quase uma questão de vida e morte. Trata-se de um autoexame com a união da teoria e da prática, uma ação capaz de colocar nossa vida em ordem, pois o contrário é só desordem. E uma Mente Caótica só é capaz de produzir ainda mais confusão, desequilíbrio e perturbação em seu bioma social.
Certamente que falta alguma coisa, e caso não descubramos o que é esta coisa, um mundo repleto de conflitos, guerras sem fim, e em pouco tempo insalubre para o próprio viver, será tudo que restará para nós e as futuras gerações.
Por outro lado, cruzar os braços e deixar que o tempo se encarregue de transformar as coisas terá o mesmo efeito que uma condenação sumária para toda humanidade, e o pior, como consentimento de todos.
Não podemos simplesmente nos resignar com o sofrimento, como se isso fosse uma maldição determinista ou a intransigente razão da existência humana. Se não há esperança e o processo das mudanças não está em nossas mãos, então qual poderia ser a finalidade do homem sobre a terra?
Não podemos ignorar o mundo, seus conflitos, assim como a exagerada violência que existe na alma de cada homem. Também não é possível nos ausentarmos dele. Mas podemos compreendê-lo, e se tivermos disposição, pelo menos mudar o modo como nos relacionamos com as coisas e pessoas que estão à nossa volta. E isso inclui a qualidade do nosso convívio com os problemas, as contradições pessoais e tudo mais.
Ao longo da vida colecionamentos incontáveis vícios e hábitos negativos que são passados de de uma geração para o outra, e assim insistimos em repetir, perpetuar por força de uma apatia inércia inexplicável que acaba por se refletir em nossa conduta diária.
Desse modo, para aqueles preocupados em descobrir se há a possibilidade de uma mudança radical, e não apenas de reparos, remendos ou maquiagens para esconder imperfeições, uma negação de todo este modelo deformado deveria ser considerada com seriedade e urgência.
Ser educador é coisa totalmente diferente de ser um profissional ou especialista em educação. Alguém que analisa ou compila uma certa quantidade de documentos é capaz de tornar-se um especialista no assunto, e é a mesma coisa que um crítico da beleza, que apesar de não compreender o belo, ao seguir um gabarito ou protocolo técnico, torna-se capaz de fazer uma avaliação sobre beleza.
Um educador, o deveria ser por vocação, e não por força das circunstâncias; muito menos levado por interesses políticos, doutrinários, ideológicos ou apenas financeiros.
Um educador por vocação, em sua formação profissional, se qualifica, mas nunca se especializa. Um especialista tem sempre uma visão restrita e limitada do mundo, uma vez que a especialização o afasta de tudo que não faça parte do escopo do seu trabalho ou limites do seu conhecimento ou repertório intelectual.
O verdadeiro educador passa longe destas coisas, pois está sempre disposto a aprender, sem se fixar em ponto algum. A fixação cria acomodação, passividade, estagnação e atrofia mental.
Para educar, em primeiro lugar precisamos nos tornar disciplinados, coerentes, e descobrir o significado do autodidatismo. Educar não é apenas instruir, uma vez que o magistério como se pratica atualmente não passa de um simples processo de robotização, repetição ou mecanização cerebral, onde se exige apenas do aluno a capacidade de saber imitar.
Mas, para o desconsolo de alguns, o ato de ser capaz de imitar, embora seja o pré-requisito necessário para se ingressar no mercado de trabalho, não é um indício de inteligência. O ato de repetir teoremas, teorias e fórmulas não exige pensamento crítico, racional, apenas potencial para a mímica. Isso não é aprender, e como já foi dito antes, muito menos é um sinal de inteligência.
Essa pedagogia nada exige do educando senão a capacidade de ouvir, mesmo sem atenção; mesmo se negando a refletir. Para agir desta forma, a ordem interna não é necessária, uma vez que o indivíduo torna-se um simples instrumento mecânico de repetir orientações, a exemplo de um autômato, animal amestrado ou uma simples máquina virtual capaz de ler Scripts, motivo pelo qual em pouco tempo será totalmente substituído por máquinas dotadas de Inteligência Artificial.
Na educação de verdade, que em nada se assemelha ao arremedo de lições, em primeiro lugar, o indivíduo cuida de sua ordem interna, e depois estará apto a interagir com a desordem externa. Como podemos criar ordem se usamos a desordem, tanto como modelo de referência pedagógica, quanto como instrumento de gestão para nossas vidas?
Sem antes compreender o que vem a ser a ordem e organização pessoal, isso torna-se impossível. Por mesmo isso uma disciplina capaz de criar ordem e conduzir ao comprometimento pessoal de cada um é fundamental.
Crianças e Jovens precisam ser informados sobre seus deveres e direitos. Precisam estar cientes da importância dos seus papeis sociais e de que são capaz de promover mudanças. Mas tudo isso sem a canga das obrigações, sem a promessa de Castigos ou Recompensas como moeda de troca, ou nada vai mudar. O que importa é o esclarecimento que poderá se transformar em conscientização, e não a estéril e displicente obediência servil a troco de comendas ou agrados.
O sentimento de ordem, que também é disciplinador, não deve vir de fora para dentro, mas pode ter na desordem externa uma excelente oportunidade para que crianças e jovens venham a compreender o verdadeiro significado de ordem e organização pessoal.
Desse modo, pelo autoexame da desordem, por analogia, finalmente poderão ser capazes de assimilar o que vem a ser a ordem. Compreender as causas de toda essa desordem, com seus conflitos, contradições, inveja e ambição, assim como a incompreensível violência contida em cada indivíduo, torna-se uma tarefa imprescindível.
Nesta jornada diária, entender o significado das palavras é de vital importância, uma vez que elas direcionam e condicionam o homem. São elas capazes de induzir ou provocar seus mais variados estados emocionais e comportamentais. Alguém sob controle das emoções é alguém em permanente desordem.
Por meio das palavras, mudamos de postura. Odiamos e matamos; tornamo-nos escravos e escravistas; cruéis ou aparentemente virtuosos. É então de suma importância que se compreenda, em primeiro plano, o que elas, as palavras, de fato representam para nós. Como interagimos com elas e qual a extensão de sua influência sobre nossa psique, tanto de modo consciente quanto inconsciente.
Desejando o pai ou educador empreender esta autoeducação, na verdade uma espécie de Catarse autocognitiva, deverá partir de uma posição pessoal de quem nada sabe, pois apenas assim terá uma mente parcialmente livre para apreender, assimilar e incorporar tudo aquilo que ainda não conhece. Partindo de uma condição onde se identifique como especialista de qualquer coisa, seu próprio conhecimento limitado o impedirá de ampliar ou potencializar este Autoconhecimento.
Em geral, um especialista amplia apenas o escopo do seu ponto de vista ou o repertório de conhecimentos dentro de especialidade. Logo sua visão é estreita e bem demarcada. Não poderá evitar, estará sempre na contramão de uma realidade multidimensional cuja natureza são as mudanças perpétuas. Uma realidade que se transforma todos os dias, à revelia de nossa opinião, vontade, crença, etnia, ideologia ou pedigree social.