Autores: Jon Talber e Alberto Filho[1]
Conteúdo Atualizado: 29 de Novembro de 2023
Observação Importante: Quando usamos a Expressão "Pai ou os Pais, Educador ou Educadores", estamos nos referindo aos dois Gêneros, e não apenas ao Gênero Masculino.
De que nos serve um excelente técnico ou um excepcional cientista, se estes são incapazes de resolver os mais simples conflitos existenciais do homem e ainda desconhecem o que vem a ser ética? Podemos formar excelentes especialistas do mundo técnico ou econômico, mas ainda somos incapazes de promover a simples erradicação dos antagonismos e conflitos nos interrelacionamentos.
Para o pai ou educador é uma prioridade compreender como ele mesmo se relaciona com as pessoas, objetos, assim como com as ideias do mundo, pois tudo isso sumariza o viver do homem atual. A síntese dos nossos relacionamentos revela o que somos. Por isso, é papel do docente, seja em casa ou na escola, descobrir como ele próprio lida com todas estas variáveis. Esta compreensão é uma das qualificações necessárias para que se torne capaz de orientar corretamente, tanto alunos e filhos, quanto a si mesmo.
Compreender como interagimos com este mundo de permanentes contrastes é fundamental. Trata-se de um autoexame com a união da teoria e da prática, uma ação capaz de colocar nossa vida em ordem, pois o contrário é só desordem. E uma Mente Caótica só é capaz de produzir ainda mais confusão, desequilíbrio e perturbação em seu bioma social.
Certamente que falta alguma coisa, e caso não descubramos o que é esta coisa, um mundo repleto de conflitos e guerras sem fim é tudo que restará como herança para nossos filhos e netos.
Não podemos ignorar o mundo, seus conflitos e a exagerada violência que existe na alma de cada homem. Também não é possível nos ausentarmos dele. Mas podemos compreendê-lo, e se tivermos disposição, pelo menos mudar o modo como nos relacionamos com as coisas e pessoas à nossa volta. E isso inclui a qualidade do nosso convívio com os problemas, distorções e tudo mais.
Há em nós muitos vícios e hábitos negativos que ao longo das muitas gerações teimamos em repetir, perpetuar por força de uma inércia inexplicável que acaba por se refletir em nossa conduta diária. Assim, para aqueles preocupados em descobrir se há a possibilidade de uma mudança e não apenas um arranjo estético ou maquiagem para esconder imperfeições, uma negação de todo este modelo deformado deveria ser considerada com seriedade.
Um educador, o deveria ser por vocação, e não por força das circunstâncias; muito menos levado por interesses políticos, doutrinários, ideológicos ou apenas financeiros.
Um educador por vocação, em sua formação profissional, se qualifica, mas nunca se especializa. Um especialista tem sempre uma visão restrita e limitada do mundo, uma vez que a especialização o afasta de tudo que não faça parte do escopo do seu trabalho ou limites do seu conhecimento ou repertório intelectual. O verdadeiro educador passa longe destas coisas, pois está sempre disposto a aprender, sem se fixar em ponto algum. A fixação cria acomodação, passividade e estagnação.
Para educar, em primeiro lugar., precisamos nos tornar disciplinados, coerentes, e descobrir o significado do autodidatismo. Educar não é apenas instruir, uma vez que o magistério como se pratica atualmente não passa de um simples processo de robotização, repetição, arremedo, onde se exige apenas do aluno a capacidade de saber imitar. Saber imitar é o pré-requisito, e para isso não é requerido esforço algum. Repetir teoremas e teorias não exige pensamento crítico, racional, apenas potencial para a mímica. Isso não é aprender, muito menos é um sinal de inteligência.
Essa pedagogia não exige do educando nada além da capacidade de ouvir, mesmo sem atenção; mesmo se negando a refletir. Para agir desta forma, a ordem interna não é necessária, uma vez que o indivíduo torna-se um simples instrumento mecânico de repetir orientações, a exemplo de um autômato, animal amestrado ou uma simples máquina virtual capaz de ler Scripts.
A educação de verdade, que em nada se assemelha ao arremedo de simples lições, vai mais além. Em primeiro lugar, o indivíduo cuida de sua ordem interna, e depois estará apto a interagir com a desordem externa. Como podemos criar ordem se usamos a desordem como modelo de referência pedagógica?
O sentimento de ordem que também é disciplinador não deve vir de fora para dentro, mas pode ter na desordem externa uma excelente oportunidade para que, tanto a criança, quanto o Jovem, compreenda o verdadeiro significado da ordem. Assim, pelo autoexame da desordem, finalmente poderão ser capazes de assimilar que o inverso daquilo só pode ser a ordem. Compreender as causas de toda essa desordem, com seus conflitos, contradições, inveja e ambição, assim como a incompreensível violência contida em cada indivíduo, torna-se uma tarefa imprescindível.
Nesta jornada permanente, entender o significado das palavras é de vital importância, uma vez que elas sugestionam e condicionam o homem. São elas capazes de induzir ou provocar seus mais variados estados emocionais e comportamentais. Alguém sob controle das emoções é alguém em permanente desordem.
Desejando então o pai ou educador empreender esta autoeducação, na verdade uma análise autocognitiva, deverá partir de uma posição pessoal de quem nada sabe, pois apenas assim terá uma mente parcialmente livre para apreender, assimilar e incorporar tudo aquilo que ainda não conhece. Partindo de uma linha onde se identifique como especialista, seu próprio conhecimento limitado o impedirá de admitir, permitir, ampliar ou potencializar este Autoconhecimento.
Um especialista amplia apenas o escopo do seu ponto de vista ou o repertório de sua especialidade. Logo sua visão é estreita e bem demarcada. Não poderá evitar, estará sempre na contramão de uma realidade multidimensional cuja natureza é o movimento perpétuo. Uma realidade que se transforma todos os dias, à revelia de nossa opinião, vontade, crença, etnia, ideologia ou pedigree social.