Autor: Jon Talber[1]
Conteúdo Conteúdo Atualizado: 29 de Novembro de 2023
Observação Importante: Quando usamos a Expressão "Os Pais", estamos nos referindo aos dois Gêneros, e não apenas ao Gênero Masculino.
Ocorre que, na maioria das vezes, esse protagonista não é capaz de se ver como um beneficiário do próprio esforço, e sim como alguém que está cumprindo um dever para favorecer ou agradar outra pessoa. Nesse caso, não há uma compreensão clara entre os jovens de que tudo aquilo, os deveres básicos, assim como os anos de frequência escolar, tem como único objetivo seu Autofavorecimento.
Entre pais e filhos, esta compreensão deveria fazer parte da ordem do dia. E nas escolas, deveria ser criado o dia do acolhimento, onde a cada aluno recém chegado se explicaria, de maneira clara e com uma didática possível de ser compreendida por todos, qual é o verdadeiro objetivo de educá-los.
Seria tão complicado explicar, de modo direto e sem floreios, que os únicos beneficiários pela frequência escolar, assim como por seus atos, dentro daquele ambiente, têm como única proposta o autofavorecimento dos próprios alunos?
Por que precisamos de incentivos e artimanhas para motivar os jovens ao simples ato de escovar os dentes? Não seria mais simples e eficiente mostrar, por meio de exemplos inequívocos o que ocorreria caso não cumprissem com os seus deveres? Afinal de contas, ao final de tudo isso, quem será o maior beneficiário? E quando se rebelam sem motivos, que tal deixar que colham os frutos de seus atos, isso também não seria um eficiente, disciplinador e prático meio de Ensinamento?
E caso tomassem conhecimento das consequências ou experimentassem os efeitos dos seus atos, especialmente os negativos, será que ainda precisariam de incentivos para cumprir com suas atribuições? Quando se pratica o hábito da compensação para que cumpram com seus deveres regulares, introduzimos em suas vidas o hábito da coação corruptora. Condicionados com a prática do incentivo para tudo, não mais saberão se comportar de outra forma, e mais tarde, agora no papel de pais, também ensinarão a mesma coisa aos seus filhos.
Por que não deveriam participar? Para eles, seria uma atividade lúdica, além de edificante, de grande valor cognitivo. Na ocasião aprenderiam que tudo é feito a partir do esforço e engajamento do grupo, uma condição na qual o indivíduo ao desempenhar seu papel ou as tarefas menores de sua responsabilidade, contribui ativamente para a execução de uma obra maior. Afinal de contas, um dia não irão realizar trabalhos em grupo, ou mesmo conduzir uma família dentro de um lar, quando então serão responsáveis pela gestão de suas vidas?
Os pais perdem uma excelente oportunidade de educar seus filhos, e isso muitas vezes ocorre apenas porque consideram esta abordagem humilhante e indigna para eles. Mas, é digno que recebam pagamento para cumprir com seus deveres, obrigações e até atos de sensatez? Ao usar a linguagem do Incentivo para Tudo, qual é o tipo de mensagem que estamos transmitindo para estes jovens?
Uma criança pequena, algumas vezes, precisa que a medicação lhe seja dada à força. Mas, neste caso ela é inocente e não sabe que aquele gesto pode significar a diferença entre a vida e a morte. Ao contrário, o jovem já é capaz de diferenciar tudo aquilo possível de lhe causar mal ou bem.
O grande equívoco ocorre quando julgamos que os jovens ainda não estão preparados para se responsabilizar pelos seus atos e colher os efeitos de suas inações ou ações, sejam malefícios ou benefícios.
Sensato então seria simplesmente lhes dar explicações. Não com a postura de uma autoridade que sabe de tudo, mas, conscientizando-os dos malefícios e benefícios de cada ação praticada em vida. Não seriam convencidos de nada, apenas esclarecidos por meio de exemplos, evidências, argumentos lógicos e compreensíveis. Convencer é o mesmo que fazer Lavagem Cerebral; não são necessários argumentos lógicos, apenas o uso da força de uma autoridade. A doutrinação pelo medo é uma prática comum dentro das organizações Sectárias e Ideológicas.
Esclarecimento, evidências concretas, incentivo ao uso da lógica cerebral e nunca da alienação emocional. Informados dos prós ou contras por trás de cada ato praticado, estariam cientificados de que são responsáveis pelo resultado de suas decisões e ações.
Não existe malefício maior que privar nossos filhos ou alunos das experiências da vida, sejam desfavoráveis ou favoráveis. Se precisam aprender que seja sob a vigilância e aporte dos pais, e assim terão maiores chances de se recuperar dos erros cometidos, das injúrias ou traumas sofridos. Pais omissos e estúpidos criam filhos igualmente omissos e estúpidos.
Não podemos dar experiência a ninguém, assim como também não podemos fazer o outro incorporar tudo que já passamos em vida. Podemos, no máximo, esclarecer e apontar o caminho quando a oportunidade se faz presente. Podemos antecipar e alertar, mas um alerta de nada servirá se não vier acompanhado da imprescindível experiência de vida ou exemplo prático.
Como orientação prévia, o alerta é essencial, mas jamais poderá ser tudo de que os jovens irão precisar. É necessário repensar o modo tradicional de impor métodos como se isso fosse educação. Um compêndio de Normas técnicas e conhecimentos científicos até poderá lhes dar alguma orientação profissional e melhorar sua qualidade de vida, mas nunca será capaz de lhes proporcionar discernimento e bom caráter, e isso, certamente, não é educação.
O que seria capaz de tornar um indivíduo, além de instruído, consciente das próprias limitações e potencialidades, e também de suas imperfeições, assim como de demonstrar interesse em descobrir qual o seu objetivo existencial? Da atual pedagogia, que mais se presta a desinformar que esclarecer, esta resposta, certamente, jamais virá.
Tentar capacitar o homem para transformar os Conflitos Humanos em organização a troco de comendas, não funciona. Do mesmo modo, doutrinar cidadãos para que cumpram as leis apenas pelo temor das consequências e com isso esperar deles sensatez, é puro delírio. Se cada um cumpre seu papel porque está consciente dos desdobramentos dos seus atos, nenhuma lei para nos dizer o que deve ser feito, não mais seria necessário.
Esta compreensão surge quando o jovem tem certeza de que seus atos terão como resultado efeitos negativos ou positivos. E todo este desdobramento irá repercutir, muitas vezes de maneira dramática, para si e os demais à sua volta. O malefício é resultado dos equívocos, e o benefício dos acertos. Falando sério, Há algum mistério nisso?
Jon Talber - jontalber@gmail.com
É Pedagogo, Pesquisador, Antropólogo e autor especializado em Educação Integral e Holística.
O autor não possui Website, Blog ou página pessoal em nenhuma Rede Social.
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