Autor: Any Bicego Queiroz[1]
Atualizado: 15 de Julho de 2024
O presente trabalho tem como objetivo analisar a importância do desenvolvimento completo da criança, em todas as áreas, sem comprometer sua infância.
"Quando o professor não se renova, cada dia de aula, para os alunos, se torna um verdadeiro castigo..."
Isso nem sempre é uma tarefa fácil para o professor que tem o dever e privilégio de ter em suas mãos o alvo principal da educação: a criança. A tarefa do professor não é somente passar seu conteúdo, mas buscar oportunidades, alternativas melhores e mais eficientes a cada dia, num processo contínuo, proporcionando um aprendizado de qualidade, que modifique, assim, a vida da criança.
As DCMs (Diretrizes Curriculares Municipais de Blumenau SC – Brasil) da Educação Infantil (2013, pg.63) apresentam uma definição:
A criança é alguém que necessita de amor, atenção, cuidados, que lhe mostre o caminho, a direção, e de alguém que lhe ensine até mesmo o brincar, Brougere (2010, p.01) destaca, “[...] que a criança não aprende a brincar naturalmente. Ela está inserida em um contexto social e cultural e seus comportamentos estão impregnados por essa imersão inevitável”.
A Educação Infantil e a escola têm como papel formar cidadãos conscientes de seus deveres e de seus direitos, estimulando, sempre, a criança a olhar além, a questionar, a pensar, decidir, mas nunca desistir. Para que isso aconteça o professor precisar tornar suas aulas diversificadas e criativas aplicando o conteúdo na sua interdisciplinaridade. Paulo Freire (2002, p.96) diz: “Nesse sentido, o bom professor é o que consegue, enquanto fala trazer o aluno até a intimidade do movimento de seu pensamento. Sua aula é assim um desafio e não uma “cantiga de ninar”. Seus alunos cansam, não dormem.”.
Entre os profissionais da educação, em suas conversas, congressos e outros encontros, por muitas vezes é mencionada a importância da infância e das séries iniciais, no processo da aprendizagem e a importância de se ter educação de qualidade. Seus discursos acabam ficando em torno de como registrar, planejar, como arrancar notas e o que fazer diante da indisciplina. Porém, há, também, a discussão sobre as crianças no sentido de como são inteligentes, ágeis, como avançaram, as conquistas e suas superações.
Quem são as crianças, “os alunos”, os pupilos ou ainda os miúdos (como são chamados na Escola da Ponte), enfim, quem são esses seres pequenos, cheios de curiosidades, de perguntas que se opõem quando os adultos lhes impõem que sigam, ou ajam de acordo com os ideais destes? Eles dizem: “façam isso e depois aquilo” e elas simplesmente querem ficar mais um pouco no chão montando seu foguete com suas pecinhas de montar. Ela não deseja sair daquele momento. Como é possível abortar um pensamento tão cheio de criatividade? Em momentos de avaliação a criança “não respeita as regras necessitando da intervenção da professora”. Qual nosso olhar para essa criança? Ela é uma pessoa de carne e osso, que está em construção de sua personalidade. Ela ri, chora e, muitas vezes, está com problemas interiores e que não sabe como lidar.
Nem sempre as crianças querem realizar a atividade proposta pelo professor. Se tudo que os professores têm é um planejamento pronto, como esperam que as crianças tenham prazer de aprender? Como se pode obrigar alguém a fazer algo que não lhe traz prazer, que não provoca o brilho no olhar o grito de êxtase? Algumas perguntas para você: Como você reagiria se seu pai e sua mãe fossem morar em outra cidade e lhe deixasse com a sua avó? Como você reagiria se seu pai só brigasse com você e sua mãe mal lhe dirigisse a palavra? Passando por essas situações, diga como você gostaria que seu professor agisse com você?
Muitas vezes o CEI (Centro de Educação Infantil) ou a escola tornam-se o segundo lugar mais odiado pela criança, onde passa grande parte do seu tempo. Além de ter que suportar as piadinhas dos colegas, as diversas situações vexatórias que enfrenta, precisa suportar de seus professores (que deveriam ser seu referencial), as humilhações na frente de seus colegas e conversas aos gritos e de palavras depreciativas e, por muitas vezes, exigindo que aprendam o que lhes é imposto e nem se dão conta que ainda não estão na fase de reter esse conhecimento. Não entendem que toda criança tem sua própria fase de desenvolvimento neurológico e isso precisa ser respeitado. Sana (2005, pg.18) diz que:
Nossa criança tem direito a ter infância, de desejar ser feliz, de aprender com significação. Direito de ser curiosa, de ir à busca de algo a mais e de ser amada. Nossa criança já teve seu passado, conhecerá logo seu futuro, mas o professor pode dar a ela um grande presente no presente, amando-a, ouvindo-a, desafiando-a a vencer seus limites, mostrando que a vida pode ser bela mesmo com momentos de sofrimento. O sofrimento é a argamassa que liga a vitória, para isso ele precisa ir à luta e nunca desistir. Cury (2003, pg.13) diz que “o sofrimento nos constrói ou nos destrói. Devemos usar o sofrimento para construir a sabedoria.”.
No final de cada período vem a avaliação. Ela acontece em relação ao português, à matemática, e outras matérias, mas, raramente, se avaliam a participação dos alunos durante as aulas, seus relacionamentos com as outras crianças, seus avanços reais. Muitos desses pequenos, só pelo fato de estarem vivos, já são vitoriosos, merecedores de nota 10. Não estamos lidando com coisas, estamos lidando com as pérolas mais lindas e preciosas do mundo. Uma dádiva que está em nossas mãos para serem amadas e respeitadas, crescendo na arte de argumentar e de ver a vida de forma fácil. É fundamental despertar a curiosidade, o desejo de aprender, de conhecer algo novo e ousar a percorrer caminhos nunca trilhados.
O relacionamento com um professor durante a infância e pré-infância é a bússola que orienta o prazer dela no dia a dia com a aprendizagem, por isso, precisa ter muita afetividade, abraços, o falar olho no olho, companheirismo.
Dessa forma, criará uma amizade que marcará a criança positivamente. É necessário planejar, ter organização, mas nunca se esquecer de encantar, do fazer por prazer. Tornar até mesmo as simples regrinhas de comportamento em diversão, brincando, aprendendo e cumprindo regras. Assim, os professores montam formas diferentes de aprender com naturalidade. Aprender é algo divertido, portanto, todo objeto de estudo deve se tornar um ‘brinquedo’. E o professor torna-se mais que uma figura, um amigo, Rubem Alves (2004,pg.62 )diz que “O maior prêmio de um professor é quando os alunos se tornam amigos dele. Um verdadeiro professor nunca sofre de solidão.”