Autor: Prof. Jon Talber e Alberto Filho[1]
Atualizado: 15 de Julho de 2024
Neste artigo, os autores, a partir de fatos óbvios, fazem uma reflexão enquanto examinam como os tradicionais métodos educacionais replicam e agravam ainda mais as anomalias comportamentais e alienações sociais.
"O educador que não duvida de nada é um multiplicador de alunos que replicam posturas patológicas sem nada questionar..."
Observação Importante:
Quando usamos termos, tais como, "Pais, Filhos, Alunos ou Educadores", estamos nos referindo aos dois Gêneros, e não apenas ao Gênero Masculino.
Não poderia ser diferente, uma vez que todas, ou são organizações comerciais com fins lucrativos, ou organizações públicas com fins políticos, o que dá no mesmo. E tentar mostrar ao público que as escolas em geral são apenas instituições, redutos filantrópicos ou paternalistas cuja missão existencial é dar instrução aos seus clientes, este tem sido o discurso retórico, ou estratégia de Marketing, adotado pela maioria delas.
Quando os pais enviam seus filhos à escola, é porque acreditam que serão bem acolhidos, cuidados e orientandos, e o mais importante, que ali irão aprender tudo que for necessário para o viver. Por isso mesmo, em casa, tratam de priorizar apenas suas próprias carências, demandas e objetivos pessoais, e o progresso cognitivo e felicidade dos filhos, quase sempre, não faz parte deste pacote de resoluções.
Assim, o aluno vai à escola porque é uma tradição ou uma obrigação social, ou ainda porque faz parte de sua qualificação padrão, uma vez que segundo a tradição é o mínimo que irá precisar para teoricamente se tornar um cidadão respeitável, e mais tarde ser capaz de traçar seu próprio caminho.
Mesmo assim, o Jovem não sabe por que frequenta aquela sala de aula todos os dias, ou o que espera aprender; muito menos em uma ideia do que de fato é importante para si. E na sua cabeça existe apenas uma certeza, de que cumprido aquele ritual, penitência, martírio ou peregrinação de vários anos, será bem sucedido na vida pessoal e profissional. Pelo menos é esta prerrogativa que está implícita nas cláusulas educacionais que se vende, cuja máxima é: “Só o estudo é capaz de realizar e edificar o homem...”
Paradoxalmente, nunca explicam, sequer, o que significa ser gente. E na escola o aluno acredita, assim como seus pais – embora eles próprios nunca tenham sido contemplados com esta graça –, que ali receberão toda qualificação e conhecimento necessário para se dar bem na vida, apesar de ignorarem completamente, o que vem a ser este viver.
De fato, até parece que é proibido informar, estudar e refletir sobre esta pauta complexa que se tornou o viver, uma singular trama social repleta de incontáveis dramas e conflitos. Ocorre que no currículo acadêmico tradicional não há espaço para os debates sobre os problemas existenciais humanos. Na atual pauta da Pedagogia do Retrocesso Cognitivo, assuntos que suscitam o Despertar da Inteligência, nunca são bem vindos.
E os alunos acabam por frequentar três salas de aula, e cada uma com um singular padrão educacional. Uma em casa, outra na rua, e ainda outra na escola. De casa, como regra, já levam para a outra sala as opiniões, preferências, manias e aspirações dos próprios pais, combinadas com aquelas adquiridas na rua. E isso inclui todos os traços comportamentais que involuntariamente, enquanto cresciam, de maneira direta ou indireta, acabaram por assimilar por meio do convívio com os demais parentes, amigos mais próximos, ou da mídia interativa.
E no final, depois de se gastar muito tempo e dinheiro, o aluno, como parte da regra ou de uma intencionalidade planejada, sairá daquela instituição mais deseducado e desorientado do que quando entrou, e o pior, angustiado, com medo do futuro, e quase sempre, com aquela sensação de tempo perdido, uma frustração que certamente o acompanhará pelo resto da vida.
Afinal de contas, por tradição ou obrigação, ali desde sempre se pratica a pedagogia da cognição inversa. Não é por acaso que as escolas não formam cidadãos pensantes e independentes.
E para o cidadão comum, até Parece tratar-se de uma manobra intencional, calculada, planejada, onde uma minoria que se autointitula como Autoridade Pedagógica, e estes certamente não o são os Educadores que estão em sala de aula, não demonstra ter a menor intenção de explicar para ninguém que o ideal é caminhar de olhos abertos, por conta própria, e não conduzidos por guias, a exemplo de cegos, ou animais de carga comboiados pelos cabrestos por capatazes.
E assim, as escolas se tornaram apenas os meios oficiais e autorizados para disseminação da prática da cognição invertida. E naquele espaço os alunos aprenderão muitas coisas inúteis, e quase nenhuma útil. Aprenderão que ter dúvidas e pensar por conta própria é coisa proibida; terão suas Vocações sufocadas e sairão convencidos de que a realização de cada um ocorre no momento em que se consegue um estável emprego público, que paradoxalmente, na maioria das vezes, quase não requer qualificação nenhuma.
De que serve perguntar ao aluno o que deseja aprender, se ele sequer conhece as opções disponíveis, ou mesmo quais são suas predisposições inatas determinantes? De que serve perguntar que profissão ele deseja seguir, se não conhece sua vocação? Seria o mesmo que imaginar ser possível colher uma safra de um fruto qualquer sem nada cultivar.
Mostrar para os alunos quais são as opções disponíveis, tomando o cuidado de esclarecer o que significa cada uma delas, seria o mínino no princípio, caso houvesse algum tipo de decência acadêmica no final. Depois deveriam ensinar o que vem a ser disciplina e ordem – que em nada se assemelha as regras do militarismo, o atual padrão preconizado como referência para conceituar o senso de organização –, e o mais importante, por que eles precisam aprender e incorporar estes hábitos em suas vidas.
Deixar que o aluno escolha seu ideal de futuro sem antes lhe dar a oportunidade de aprender a conhecer a si mesmo, tem o mesmo valor que teria uma pedra preciosa para uma galinha faminta. Se ele ainda não sabe sequer o mínimo da vida, insano é imaginar que tenha competência para iniciar sua jornada acadêmica, ou existencial, a partir do máximo.