Autor: Jon Talber e Alberto Filho[1]
Conteúdo Atualizado: 02 de Janeiro de 2025
Observação Importante:
Quando usamos termos, tais como, "Pais, Filhos, Alunos ou Educadores", estamos nos referindo aos dois Gêneros, e não apenas ao Gênero Masculino.
Se o conhecimento tirado dos compêndios acadêmicos se presta a expandir nossa base teórica sobre todas as coisas, a abordagem empírica amplifica e consolida nosso acervo experimental, e ambos se complementam quando se trata da qualificação da nossa experiência de vida.
De posse desta qualificação agora somos capazes de interpretar a leitura dos nossos sentidos. E deste ponto em diante, fica cada vez mais claro entender como interagimos com objetos, sensações, emoções e principalmente com as pessoas.
Seria de grande utilidade que aprendêssemos sobre nós mesmos antes de tentar ensinar alguma coisa aos nossos filhos e alunos. Afinal de contas, fazê-los repetir de maneira mecanizada tudo aquilo que também um dia, dentro de casa ou na escola, já repetimos como papagaios amestrados, onde estão incluídos nossos defeitos, manias e pontos de vista equivocados, esta tem sido a única regra pedagógica até agora praticada.
Só alguém estúpido ou ignorante poderia considerar este processo como método educativo válido. Trata-se de um sistema de condicionamento mecanizado, o mesmo ao qual, sem contestar, um dia já fomos submetidos.
É desse modo que as antigas condutas ou costumes da tradição, não importa de que natureza, serão integrados ao acervo comportamental e perfil psicológico dos nossos filhos, transformando-os em clones perfeitos do que atualmente somos.
E deste repositório de procedimentos milenares recheados com conflitos, posturas e hábitos patológicos, extraímos tudo aquilo que ajuda a formar nossa personalidade. São os caracteres que nos identifica como indivíduos; informações que apesar de não educar, ajuda o indivíduo a escolher uma profissão, mesmo que não seja sua Vocação, ou ainda a torná-lo um exímio imitador de gestos, vícios e manias sociais.
Poderíamos começar examinando nossos medos. O que são eles, e por que, a despeito de tamanho progresso tecnológico, ainda não fomos capazes de superá-los. Por que ainda o medo insiste em nos atormentar, apesar de todo poderio intelectual e técnico acumulado pela civilização humana até agora, eis uma boa pergunta.
E eles se arrastam como pragas virais há milhares de anos, resistindo às mudanças sociais e as guerras, e a despeito do notável progresso material alcançado pelo homem, psicologicamente, há fortes indícios de que ainda não progredimos muita coisa.
Basta ver como ainda somos tão medrosos quanto nossos ancestrais trogloditas. E apesar de cultos e mais esclarecidos, ainda somos reféns dos nossos estados emocionais mais primitivos.
Por que as instituições educacionais insistem em manter seus modelos arcaicos, cujo foco nunca foi construir um homem sensato, consciente e preparado para o viver, isso representa um dos maiores mistérios da pedagogia humana, e um grande e formidável problema para todos nós.
Observando com imparcialidade nossas escolas, fica claro que a erradicação do homem conflituoso e infeliz nunca foi, e aparentemente nunca será, seu principal objetivo. Pelo menos, neste momento, não parece demonstrar a menor intenção em remediar a natureza do homem medroso, violento, conflituoso e cruel, que ora somos.
Ensinar modelos éticos pautados na erradicação de conflitos e consolidação do respeito mútuo, para as corporações educacionais, parece ter a mesma importância que teria, por exemplo, uma pedra preciosa para um Sapo.
Observando a ordem interna de nossas casas, fica claro que quando buscamos bom senso lá fora, evidencia-se o fato de que algo está errado. Na maioria das vezes, os melhores amigos de crianças e jovens não são seus pais ou parentes mais próximos, e sim pessoas de fora, sendo este um comportamento, ou costume, já incorporado às novas tradições.
Como podemos construir nosso filho ou aluno à imagem do bom senso se as influências de todas as partes, a nosso ver, teimam em fazer o contrário?
Será que o exemplo não deveria começar dentro de casa? Afinal de contas, este é o ponto de origem de qualquer criança ou jovem. É seu ponto de partida e de chegada ao final do dia. Trata-se do seu centro de acolhimento, o principal espaço onde as bases definitivas de sua personalidade são construídas, transformadas e consolidadas.
O protagonista social que ora somos, contém toda nossa formação psicológica e modo de interagir com coisas e pessoas.
Ali está contido todo conhecimento com o qual julgamos ou decidimos, e também o perfil completo do personagem que ora nos dá identidade, que pensa e opina, e que, assim como todos os demais, imagina estar sempre com razão em seus pontos de vista.
E apesar de novos como personalidades sociais, nossas ideias, opiniões e aspirações não são novas, uma vez que o mundo é velho, assim como todas suas tradições e pensamentos.
Por isso mesmo, em pouco tempo, já somos tão velhos quanto a mentalidade deste mundo. E como uma formidável esponja também incorporamos todos os seus problemas, distorções, defeitos, angústias, conflitos sem fim e medos.
As influências estão disponíveis para todos. E cada cultura contribui com sua parte; e cada população absorve a cota que lhe pertence. E todas as culturas, como fragmentos, formam o conhecimento do mundo, que também é o seu pensamento e mentalidade.
Um acervo cultural disponibilizado para todos, e possível de ser assimilado ou absorvido por qualquer indivíduo no papel de inquilino ou hóspede temporário do vasto condomínio humano.
Como indivíduos, somos o resultado de toda essa herança social, e sensato seria fazer uma inquisição dos motivos pelos quais as soluções para nossos problemas são sempre parciais, e por que ainda há o problema do medo, das contradições, conflitos e sofrimento.
E passados séculos de tentativas, planos excêntricos e frustrados, repressão violenta, incontáveis reformas sociais, ideológicas e religiosas com a intenção de colocar o homem em ordem ou alinhar à força sua conduta, resta-nos questionar se o conteúdo intelectual deste homem, com toda sua diversidade e erudição, é mesmo capaz de promover esta transformação.
Podemos continuar a esperar pela escola, ou ainda por novas reformas sociais, ideológicas, políticas ou religiosas. Podemos também esperar que o tempo resolva tudo, a despeito do fracasso de todas as civilizações que ficaram para trás, com suas fórmulas e doutrinas. E se nada disso até agora deu resultado, deveríamos considerar que pode haver um erro grave neste processo.
Também podemos começar uma reforma dentro de nossa casa, um ajuste interno, uma iniciativa que não dependa mais da influência de ninguém; de opiniões de quem quer que seja. Seria um passo gigantesco, uma vez que não mais nos guiaríamos por nenhuma autoridade ideológica ou movimentos sociais; por nenhuma tradição, promessa, mito, guia ou propaganda.
Que tal começar aprendendo que o que vem a ser disciplina? Depois poderíamos ensinar aos nossos filhos, não aquilo que atualmente somos, mas aquilo que gostaríamos de ser.
Não a maneira como nos comportamos diante dos problemas e responsabilidades atuais, e sim uma nova abordagem, mais sensata, equilibrada e inteligente; um modo alternativo e criativo de lidar com tudo isso.
Seria um aprendizado novo, a partir de nós mesmos e da prática com nossa família e amigos. Tudo seria guiado pelos atributos do bom senso e da ética, qualidades cujo significado e utilidade teríamos que descobrir por conta própria. Ocorreria a partir do contato intimo com nossos filhos, amigos e cônjuges, e principalmente, com nossos conflitos íntimos.
Aprenderíamos vivenciando e sentindo. Aprenderíamos sofrendo com nossos problemas, conflitos, carências e falhas pessoais; ou durante a resolução de cada questão pendente, as mesmas cujas soluções sempre deixamos nas mãos de outros. Talvez, a partir deste empreendimento pioneiro, poderia nascer um novo homem, com uma nova inteligência, pelo menos dentro de nossa casa.