Autores: Jon Talber[1]
Conteúdo Atualizado: 16 de Julho de 2024
Observação Importante: Quando usamos a Expressão "O Pai ou os Pais, Educador ou Educadores", estamos nos referindo aos dois Gêneros, e não apenas ao Gênero Masculino.
Na verdade o fator timidez nem deveria existir, mas a partir do momento que se torna um rótulo social, sairá à procura de hospedeiros. A criança tímida, mesmo que inicialmente possua um temperamento extrovertido, aprendeu a se comportar assim por força de circunstâncias alheias à sua vontade. Trata-se de mais um comportamento pré-fabricado, a exemplo de outros concebidos com a intenção de rotular, categorizar, coreografar e identificar os indivíduos.
Medo e coragem não são atributos inatos. Trata-se de um aprendizado como outro qualquer, conhecimento adquirido, uma vez que ambos têm como base de sustentação, para ganhar forma, volume e se expandir, causas ou fatos previamente conhecidos por cada protagonista.
O Temperamento é uma predisposição inata e inconsciente da fisiologia psicológica e atua como coadjuvante no desenvolvimento do comportamento externo. Influi, mas não é uma condição determinista. A força da mesologia tem mais peso. Uma criança pode ter um temperamento naturalmente mais reservado, e por força da mesologia acreditar que não é. A mesma regra se aplica ao seu inverso.
Uma qualificação, qualquer que seja, não passa de um conhecimento capaz de se transformar em ação, manifestação de habilidade ou hábito, e sempre através de uma Personalidade. Pode ser um mau ou um bom conhecimento, e ambos são bases para este aprendizado ou capacitação, seja com finalidade negativa ou positiva. Um vício, que é um hábito, é também uma qualificação, que embora negativa, também foi adquirida e consolidada por meio do seu uso regular.
Em cada indivíduo, embora o temperamento tenha o potencial de influir diretamente na afirmação de um hábito, vício, mania, postura negativa ou mesmo um comportamento ético, nem é sempre é o fator determinante.
Não sendo as nuances de um temperamento uma condição determinista, esta aquisição vai então depender de uma oportunidade em forma de estímulo externo, quando então irá se manifestar e se consolidar como traço comportamental naquele indivíduo. Assim, os exemplos práticos que possam servir de gabaritos para aquele protagonista serão as peças moduladoras e as chaves mestras para que estes Agentes Condicionadores acabem por se fixar como atributos, sinaléticas ou aspectos definitivos de cada personalidade.
Algumas pessoas possuem uma natureza introspectiva, mais reservada e reflexiva. Entretanto, estas prerrogativas não comprometem sua vida pessoal, o que inclui o desempenho acadêmico, profissional e relações humanas. Na verdade, tais atributos até favorecem a criatividade, autodisciplina, senso crítico e organização.
De fato, a postura extrovertiva nunca representou uma condição capaz de atribuir o status de superioridade, ou ainda conferir alguma vantagem, benefício, ou garantia incontestável de sucesso para ninguém. Compreender e aceitar que pessoas, como personagens dotados de individualidades exclusivas possuem temperamentos e preferências peculiares, poderia resolver boa parte das psicopatologias sociais modernas.
A Timidez é uma forma de medo ou fobia. Na maioria das vezes a criança tímida está apenas fora do seu ambiente de afinidades, deslocada por não se identificar ou manter interesses comuns com grupos diferentes dos seus. E ao sentir-se obrigada a conviver com padrões que violam sua liberdade de expressão e interesses pessoais, se torna reservada, introvertida, ou simplesmente é rotulada como Tímida.
Um comportamento consciente é uma forma de qualificação, uma vez que para se fixar precisa de instrução, exemplos metódicos e assim por diante. Mas, comportamentos conscientes é algo que uma criança pequena ainda não possui. Comportamento consciente é diferente de temperamento inconsciente. Uma criança quieta ou reservada por temperamento inato, pode ser tornar extrovertida por comportamento adquirido; a mesma regra se aplica de modo inverso.
As predisposições inatas estão adormecidas no inconsciente e poderão ou não ser ativadas, potencializadas, ganhar cores e nuances de comportamentos ativos, e tudo isso irá depender do poder de sugestão recebido do meio onde se vive. Este é o fator de reconfiguração da personalidade racional.
Comportamento é instrução, conhecimento, sugestão de uso. Temperamento é instinto, um traço involuntário, predisposição natural para a fixação de alguns processos psicológicos a partir de estímulos sensoriais externos ou processos indutivos recebidos do meio.
É o caso onde a criança tem uma vocação natural para se realizar em algum ofício, seja uma atividade profissional ou simples Hobbie, e é sistematicamente forçada pelas circunstâncias a adotar uma postura contrária às suas tendências. Surge assim uma criança com a autoestima baixa, frustrada, e muitas vezes, sem saber os motivos.
Uma criança pode ter temperamento forte, mas ainda assim precisa da aprovação dos adultos para autenticar seus gestos e posturas. E neste processo de "autenticação ou aceitação" é que surgirão muitas psicopatologias. O sentimento de Rejeição é uma delas. O tímido se sente rejeitado, sem valor, não teve a Autoestima, que já era fraca em seu temperamento original, potencializada pelo processo de autenticação dos adultos ou demais indivíduos que faziam parte do seu grupo de convívio social.
Timidez ou extroversão existe em comparação com alguma coisa, e tende a refletir um estado de espírito onde o comparado possui ou não algum status ou atributo, mas sempre em relação a outros indivíduos. Timidez é um rótulo social.
Numa comunidade povoada apenas por indivíduos tímidos, ninguém seria chamado de tímido, e a razão seria muito simples: "Por não existir naquele local pessoas com perfil extrovertido, também não existiria um gabarito ou protocolo capaz de servir como métrica para aferir a condição de "Tímido" a quem quer que seja". A mesma regra vale para todas as demais posturas psicossociais.
A timidez é um estado comportamental que se manifesta com maior frequência entre indivíduos com baixa autoestima. E isso primeiramente surge dentro de casa, a partir do convívio com pais, irmãos e parentes mais próximos.
Baixa Autoestima é aquele sentimento de impotência, incapacidade crônica para se autoafirmar, mesmo que o contexto seja apenas a falta de oportunidade de dar uma simples opinião. E tudo começa quando os pais, além de não escutarem seus filhos, não valorizam suas aspirações, talentos, pequenas realizações, dúvidas, frustrações, angústias pessoais e bloqueios emocionais.
O estado de timidez infantil ganha forma quando exigimos dos nossos filhos comportamentos contrários às suas predisposições inatas. Assim, em conflito consigo mesmo, a criança tenderá a se encolher sentindo-se incapaz de contestar os pais, e sem argumentos para criar e afirmar sua identidade vocacional.
A identidade vocacional é aquela com a qual crianças e jovens se sentem naturalmente à vontade, livres para criar, motivados, e neste aspecto, sempre que tais predisposições e preferências são valorizadas, terão Autoestima e autoconfiança sempre elevadas.
Durante a avaliação escolar, o educador, diante de uma criança de qualquer natureza, deve elogiar sim, não um autor, mas a qualidade geral dos trabalhos daquele grupo, valorizando o empenho de todos, sem categorizar como menos ou mais, mas como igualmente importantes dentro do contexto coletivo e resultado final.
A timidez é um estado psicológico que requer ajustes, mas para isso precisamos nos aproximar do indivíduo tímido. Restaurar a segurança ou confiança perdida dessa criança ou jovem, primeiro começa pela compreensão de parte dos pais ou educadores, de que aquele sentimento merece atenção, consideração e respeito. A demonstração de solidariedade em relação ao jovem cria a empatia necessária para criação de um canal de diálogo.
Mas aquele jovem só irá permitir o acesso ao pai ou educador se confiar em suas intenções. Esta confiança não se consegue com palavras, e sim por meio de exemplos demonstrados a partir do comportamento pessoal. Lembre-se, uma criança ou jovem inseguro vive em um estado de ansiedade e atenção permanente, especialmente em relação à postura dos demais protagonistas que orbitam o seu universo social.
Ajudar a criança a enfrentar seus medos pode ser a solução definitiva. Por isso ela precisa de apoio, empatia, incentivo e aprovação. Se propor a corrigir uma postura equivocada ou hábitos negativos com sermões e preleções depreciativas é a mesma coisa que tentar apagar o fogo com combustível inflamável. Insegurança é um sentimento de incapacidade e impotência que se corrige quando a criança, por meio de ações práticas percebe-se como útil, capaz.
Na mente da criança insegura predomina a sensação de que alguma coisa, a qualquer momento, vai dar errado. Provar para ela por meio de ações práticas que nem sempre é assim, é o começo da solução. Delegar-lhe tarefas gradualmente mais complexas, uma solução. No entanto, durante este processo, o acompanhamento presencial é imprescindível. Sem este aporte o jovem não ganhará a confiança necessária para ir em frente.
Descobrir e usar formas que façam despertar a Autoestima adormecida da Criança ou Jovem é uma tarefa básica de todo pai ou educador. Um Educador, ao menos os verdadeiros, nunca se compara com o educando, e aprende a partir daquilo que ensina.
Um sujeito tímido, na maioria das vezes, foi criado pela corrupção e violação de sua vontade; por força de um posicionamento contrário à sua vocação ou predisposições inatas. Introduzir em sua vida o senso crítico ajuda no processo de duvidar de tudo que ouve. Fazer a criança sentir-se útil é um grande passo nesta direção. Descobrir grupos de afinidades ou interesses comuns, seja dentro de casa ou entre amigos, tenderá a resolver de vez a questão.
Um tímido se cura ao perceber que é capaz e está em sintonia com seu grupo de afinidades., quando comprova que seu trabalho tem valor, assim como suas opiniões e preferências. Ficará bem ao sentir-se integrado com o grupo e em ressonância com os objetivos semelhantes. O grupo pode ser familiar ou de amigos. Mas nada se consegue sem esforço, disciplina e paciência, afinal de contas, trata-se de um processo de reconfiguração mental.