Autor: Prof. Jon Talber e Alberto Filho[1]
Atualizado: 15 de Julho de 2024
Neste Artigo, os autores apresentam 6 Mitos tradicionais que, apesar comuns dentro de grande parte dos meios civilizados, condicionam o indivíduo de Maneira Negativa.
"Acreditar que uma tradição ou mito popular é o meio mais eficaz para o florescimento do bom senso, equivale a crer que a lua é feita de queijo suiço..."
E sendo incontáveis suas variações e efeitos, como partes integrantes das tradições orais e escritas de cada povo, silenciosamente atuam modelando ou realçando traços de nossa personalidade, o que acaba por interferir de maneira dramática e decisiva na natureza e qualidade dos nossos atos.
Neste universo patológico, onde as bobagens ganham status de coisa séria, o fato é que nosso comportamento, sem que percebamos, há muito tempo está sob o domínio de um considerável e consistente repertório de Mitos, Superstições e Crendices comuns a cada Tradição.
Compreender este processo pode nos ajudar a erradicar antigas deformações sociais que se escondem por trás de nossas condutas, que de modo equivocado, algumas vezes são mesmo consideradas posturas nobres, virtudes ou inspirações divinas de homens santos ou sábios do passado.
A verdade é que o hábito do “dar para receber”, além de fazer parte de quase todas as tradições, já se tornou um ativo dos mais valorizados e um processo tão natural que nem mais parece uma Psicopatologia das mais sérias. E aquele que cegamente segue a regra torna-se incapaz de prestar algum favor sem esperar outro em troca.
Doação voluntária, nem pensar. E assim os relacionamentos se transformam em simples barganhas, ou convênios para troca de favores entre velhacos, e logo que um dos lados deixa de cumprir sua cota de obrigações, a relação se desfaz e o conflito tem início.
E um dos efeitos negativos desta Troca de favores, ainda é o sentimento de mágoa e o ressentimento que fica quando o doador encontra um ingrato, ou mesmo quando não é reconhecido, tanto dentro de seu grupo de convivência, quanto publicamente, por seu gesto benevolente.
Ocorre que desde criança, à revelia de nossa vontade, fomos condicionados a não praticar o verdadeiro altruísmo, a ação ou doação espontânea, aquela motivada apenas pelo bom senso e compaixão. Uma ação não motivada pela promessa de créditos e sem expectativas de retorno ou gratidão; aquele ato de boa vontade nascido da consciência de que doação não é um gesto de barganha sacra ou acordo de conveniência.
A Inteligência nasce a partir da atenção suscitada pela dúvida, que se transforma em disciplina, caminho necessário para a conquista do atributo da auto-organização, que nos conduz à independência e a lucidez consciencial, liberdade de pensamento ou autodiscernimento. Sem estas qualidades, o despertar da inteligência vai ficar só no mito.
Entretanto, era preciso encontrar um modo ou estratégia para conformar e aquietar aquela maioria barulhenta, mas necessária como mão de obra, sob o risco de uma convulsão popular contrária à elite dominante, o que poderia comprometer a boa vida que levavam.
Em caso de revolta, por que a turba miserável poderia comprometer aquele Status Quo? Simples: a nobreza dependia daqueles vassalos, tanto para cuidar de suas propriedades, hortas e asseio dos seus dormitórios, quanto da qualidade da comida que chegava às suas cozinhas. E tê-los insatisfeitos motivados por simples despeita era um grande risco; uma séria ameaça ao exclusivo conforto que desfrutavam.
Por isso, com a ajuda do clero que também já gozava dos mesmos privilégios, propagaram a ideia de que o sofrimento seria necessário para futuras compensações, se não na terra, certamente no reino dos céus. Eis outra mentira que deu certo, e até hoje ainda goza do status de verdade absoluta, especialmente nos meios aristocrata e religioso.
Ocorre que cada um deles está em disputa com o outro pela conquista de um troféu disponível para apenas um deles. “O importante é dividir em partes iguais”, ou “O importante é trabalhar em conjunto para o bem estar comum...”, esta sim, deveria ser a expressão e ideia corrente, e um costume consensualmente adotado por todos, mas nunca foi, e aparentemente, nunca o será.
Quando se disputa o posto de superioridade proporcionada pelo poder ou status, a condição igualitária torna-se impossível, assim como o sentimento de aquiescência sem ressentimentos do lado perdedor, ou de arrogância e prepotência do lado vencedor.
Claro que sem esforço pessoal nada se consegue. É um princípio da natureza, onde os mais dedicados e esforçados serão contemplados com o dom adquirido da qualificação.
Qualificação não se recebe, trata-se de uma conquista individual, que surge quando nos tornamos inteligentes, disciplinados e organizados, e traçamos objetivos de vida possíveis de serem alcançados, e isso ocorre no momento em que percebemos que estagnação é sinônimo de retrocesso, deterioração, degradação ou involução.
A Expressão correta deveria ser: quem é qualificado, disciplinado, organizado, comprometido, sabe planejar a própria vida e seus respectivos objetivos, se esforça sem martírios, gosta do que faz, é perseverante e não se importa de aprender a partir dos próprios erros, este, certamente, terá mais possibilidades de êxito do que aquele burro de carga que, além de acomodado, se recusar a pensar por conta própria e prefere ser conduzido pelas rédeas por terceiros.
Qualificação e Disciplina e Auto-Organização é a chave que abre todas as portas do êxito, não apenas profissional, mas da autorrealização, e isso não depende de status social, apenas de coragem e vontade de mudar. O indivíduo talentoso e competente é mais autoconfiante, sabe cair e levantar, não tem medo das oscilações ou incertezas do mundo doente e instável onde vivemos.
Além disso, os deuses não ajudam ninguém que primeiro não se qualifica e se prepara para colher o que plantou. Não é o que foi plantado pelos outros, e sim com as próprias mãos. O sujeito qualificado, diligente e organizado que trabalha por Vocação, não importa o pedigree ou importância social de sua especialização, sempre terá êxito em seus empreendimentos, independente do estado das coisas.